O motorista Sebastião Ferreira da Silva, o 'Ferreirinha', que relatou ter sido ameaçado e processado por Aldemir Bendine por prestar depoimento ao Ministério Público Federal, alegou ter feito pagamentos em espécie de R$ 86 mil, R$ 28 mil e R$ 182 mil para estabelecimentos comerciais em nome do ex-presidente do Banco do Brasil da Petrobrás. Ele disse às autoridades que 'viu muitas coisas que o estarreceram' enquanto trabalhou para a instituições financeiras.
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NO QUARTINHOBendine foi preso no âmbito da 'Cobra', 42.ª fase da Lava Jato, sob a acusação de ter pedido e recebido da Odebrecht propinas de R$ 3 milhões. Segundo o Ministério Público Federal, o valor foi repassado em três entregas em espécie, de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Na lista de propinas da empreiteira, o executivo era identificado com o nome do réptil pecconhento que batizou a Operação que o pôs na cadeia.
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Em decisão na qual converteu em preventiva a prisão de Aldemir Bendine, o juiz federal Sérgio Moro ressaltou ser 'vergonhosa' a pressão do executivo ao motorista Sebastião Ferreira da Silva, no âmbito de outro inquérito, em 2014, no qual o motorista relatou ter feito pagamentos em espécie pelo então presidente do Banco do Brasil e disse ter sido ameaçado para contar o que sabia aos procuradores da República. As investigações apuravam, à época, enriquecimento ilícito de Bendine.
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'Ferreirinha' narrou ter feito pagamentos de R$ 86 mil e de R$ 182,6 mil à época em que trabalhava para o Banco do Brasil, a mando de Bendine. Ele disse ter sido recepcionado por uma mulher, que contou o dinheiro em sua frente em um dos repasses. Em outra ocasião, teria chegado a ajudar a contabilizar as notas 'já que era uma grande quantia'.
"Da primeira vez em que portou o dinheiro para Taubaté, disse que os R$ 86 mil 'dormiu' no porta-mala do carro do Banco do Brasil, em sua garagem de casa, durante o fim de semana, sendo que, na 2.ª feira seguinte, o depoente saiu às 5h30 da manhã, transportando-o, sob ordem de Aldemir, para uma referida loja. Uma mulher o aguardava, e foi com o depoente para dentro de um 'quartinho', onde contou o dinheiro na sua frente, assinou um recibo e lhe devolveu".
Em um dos pagamentos, de R$ 28 mil, ele teria visto a 'alça da sacola' soltar da mão de Bendine e, em seguida desta ocasião, relatou ter começado a sofrer pressão para não contar o que sabia aos investigadores.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ADEMAR RIGUEIRA, QUE DEFENDE ANDRÉ GUSTAVO E ANTÔNIO CARLOS VIEIRA DA SILVA
A prisão preventiva nos parece precipitada. Apesar dos argumentos trazidos com os pedidos de revogação, a decisão é silente quanto aos argumentos da defesa. A decisão reitera argumentos superados com as novas investigações, levando-nos a crer que foi proferida antes mesmo do protocolo das petições e da conclusão dos interrogatórios , o que é lastimável em se tratando de ampla defesa.