PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Polícia investiga origem de repasses no Ministério do Trabalho

Operação Registro Espúrio apura se quatro servidores do Trabalho indicados pelo Solidariedade e PTB receberam recursos ilícitos

Por Breno Pires e Fabio Serapião/BRASÍLIA
Atualização:

 Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

A Polícia Federal (PF) mapeou a evolução financeira e transações suspeitas de funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicados por dirigentes do Partido Trabalhista Brasileira (PTB) e do Solidariedade (SD) e investigados na Operação Registro Espúrio.

PUBLICIDADE

+ Transações de R$ 500 mil em dinheiro vivo ligam investigados na Assembleia/SP e no Ministério do Trabalho+ Procuradoria investiga chefe do Trabalho em SP

Segundo investigadores, ao menos quatro funcionários da pasta que atuavam na liberação de registro sindical receberam recursos supostamente sem lastro em negócios lícitos. Todos tiveram a prisão decretada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da operação.

+ Ministério do Trabalho suspende todas as análises de registro sindical após ação da PF+ Ministério do Trabalho afasta servidores investigados na Registro Espúrio

A PF afirma na representação que deu origem à Registro Espúrio que dirigentes do PTB e Solidariedade "tomaram de assalto" o ministério e transformaram a Secretaria de Relações de Trabalho (SRT) em um "verdadeiro balcão de negócios".

Publicidade

+ Trabalho diz que abriu sindicância

A atuação dos partidos políticos e de seus dirigentes, diz a PF, se baseava na manipulação e direcionamento dos processos de registros sindicais de modo a favorecer entidades "alinhadas". Essa manipulação era feita pelos agentes públicos apadrinhados pelos partidos.

Indicado pelo presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o ex-secretário de Relações do Trabalho Carlos Lacerda aparece na representação da PF. Segundo os investigadores, em 2016, Lacerda recebeu mais do que os R$ 259 mil de fontes oficiais declaradas.

"São valores muito aquém dos R$ 557,9 mil que efetivamente ingressaram nas contas de Carlos Lacerda no ano de 2016. Encontramos, apenas em 2016, uma movimentação financeira sem lastro no importe de R$ 298,7 mil, sendo boa parte desse montante oriundo de depósitos em espécie", diz a Polícia Federal.

A PF também aponta para "clara incompatibilidade" entre os rendimentos declarados no Imposto de Renda e os valores que transitaram pelas contas do coordenador-geral de registro sindical do MTE Leonardo Cabral. Abaixo de Carlos Lacerda na hierarquia do MTE, Cabral recebeu, em 2016, R$ 63 mil de fontes lícitas, mas suas contas bancárias, segundo a PF, movimentaram R$ 162 mil. Em 2017, a PF também mapeou transações suspeitas.

Publicidade

PUBLICIDADE

PTB. Agente administrativo do MTE desde 2014, Renato Araújo Júnior, diz a PF, seria um dos indicados do PTB a atuar no ministério. As informações da quebra de sigilo bancário citadas na representação que deu origem à operação revelam que, entre 2016 e 2017, Araújo Júnior recebeu 37 depósitos não identificados cujo valor total alcança R$ 44,8 mil.

Apontada como braço direito de Araújo Júnior, a funcionária Jéssica Capeletti, segundo a PF, sempre esteve associada à suposta organização criminosa que atuava no MTE e recebeu do ministério R$ 51 mil em 2016, mas sua quebra de sigilo bancário revela uma movimentação no mesmo período de R$ 142 mil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.