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PF abre apuração sobre 'operador' do PMDB na Petrobrás

Força tarefa da Operação Lava Jato passou a investigar o envolvimento de peemedebistas no esquema de pagamento de propinas com recursos da estatal

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Por Redação
Atualização:

Ricardo Brandt e Fausto Macedo

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A força-tarefa da Operação Lava Jato passou a investigar o envolvimento do suposto operador do PMDB nos esquemas de superfaturamento, desvios e propina na Petrobrás, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Ele foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, alvos principais da investigação.

Em depoimentos prestados no dia 8 de outubro, no âmbito do processo que apura irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Costa e Youssef citaram Fernando Baiano. "No PMDB, a ligação na Diretoria Internacional, o nome que fazia essa articulação toda, se chama Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano", afirmou Costa.

A suspeita é que Fernando Baiano atuaria em parceria com o ex-diretor daquela unidade da Petrobrás, Nestor Cerveró, que em 2008 foi transferido para a BR Distribuidora, braço da estatal petrolífera.

Ele vive hoje em Madrid, na Espanha. No Brasil, Fernando Baiano representa duas grandes empresas espanholas. Nas agendas, anotações e troca de e-mails de Costa a Polícia Federal já havia identificado a ligação do suposto "operador do PMDB" com os protagonistas da Lava Jato.

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No depoimento à Justiça Federal, em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás afirmou que a Diretoria Internacional era controlada pelo PMDB e que a agremiação da base de apoio do governo tinha poderes para indicar seu diretor.

No PT, o suposto operador seria o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que nega todas as acusações. Pelo PP, o controle era da Diretoria de Abastecimento, comandada por Costa e que tinha como operador o doleiro Alberto Youssef.

Costa fez delação premiada e apontou os nomes de 32 parlamentares, entre deputados e senadores, que teriam recebido propinas do esquema de corrupção na Petrobrás.

Youssef ainda está depondo. Seu relato segue praticamente a mesma linha das informações do ex-diretor da estatal. Logo que o nome de Fernando Baiano surgiu pela primeira vez na Lava Jato, seu advogado, o criminalista Mário de Oliveira Filho, apresentou uma petição à Justiça Federal na qual informa que o empresário está à disposição das autoridades que investigam as denúncias de desvios e malfeitos na Petrobrás.

Oliveira Filho declarou que quer ter acesso aos termos da delação premiada de Paulo Roberto Costa. "Não temos acesso ao que ele declarou, ninguém sabe exatamente o que está dito lá (na delação). De modo que tudo aquilo que se falar agora será um exercício de futurologia e disso eu tenho receio porque pode criar uma questão de achismo.".

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"Eu não sei se ele (Costa) falou isso (que Fernando Baiano era operador do PMDB). Se falou, vai ter que provar", observou o criminalista. "Eu preciso ter acesso à delação para saber efetivamente o que ele declarou, o que se entende por 'operador'. Nesse momento, o que eu disser tenho medo de entrar no achismo e isso não é bom para o cliente. É muito delicado, envolve muitas pessoas, instituições. Uma palavra mal interpretada ou mal colocada eu arrasto comigo um monte de gente que pode não ter nada com o caso."

Oliveira Filho rechaçou com veemência a informação de que Fernando Baiano está morando na Espanha. "Informamos em duas oportunidades a Polícia Federal o endereço onde ele (Fernando Baiano) está morando, no Rio de Janeiro. O sr. Fernando tem relação profissional com empresa no exterior, mas reside no Brasil com toda a sua família."

O criminalista revela preocupação em assinalar que seu cliente está no Brasil. Para ele, a informação de que Fernando Baiano vive no exterior "pode gerar problemas graves" para seu cliente junto à Justiça.

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