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PF vê elo entre lobista do PMDB e Transpetro

Anotações em agenda de ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás são vistas como indícios de que Fernando Baiano tinha interesses em subsidiária

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Por Redação
Atualização:

Atualizado às 10h40

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Por Ricardo Brandt e Fausto Macedo

Anotações na agenda do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, delator da Operação Lava Jato, revelam ligação entre Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de propinas na estatal, e a Transpetro, subsidiária que atua no setor de navios, segundo investigação da Polícia Federal.

No caderno apreendido pelos agentes federais na casa de Costa, em março, quando a operação foi deflagrada, as anotações em sequência "FB" e "Navios" são interpretadas pelos policiais como Fernando Baiano e subsidiária da estatal, respectivamente. O registro indica também a data da reunião, com quem seria o encontro, assuntos e os valores de propina na Petrobrás tratados entre o réu confesso do esquema de corrupção e o suposto operador do PMDB. Fernando Baiano está com a prisão decretada, mas fugiu.

A Polícia Federal suspeita que essa nova frente de investigação possa atingir o presidente licenciado da Transpetro Sérgio Machado, que chegou ao cargo em 2004 por indicação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Machado está na mira das novas etapas da Lava Jato desde 8 de agosto, quando o delator afirmou em depoimento ter recebido em mãos R$ 500 mil de Machado. O pagamento, ocorrido em 2012, seria referente a uma propina por locação de navios, cuja negociação fora intermediada pela diretoria de Abastecimento da Petrobrás, sob o comando de Costa.

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Segundo eles, todos os grandes contratos da estatal tinham cobrança de propina de até 3% em um esquema de loteamento de diretorias na estatal pelo PT, PMDB e PP, que abasteceu também o PSDB e o PSB.

Núcleo empresarial. No mesmo item de assuntos a ser tratado no suposto encontro com "FB", o delator da Lava Jato anotou siglas e nomes de executivos e empresas que se tornaram alvo da fase Juízo Final, a sétima da Operação Lava Jato. A Polícia Federal está convencida de que as iniciais QG são de Queiroz Galvão, uma das empreiteiras sob suspeita da Juízo Final. O nome entre parêntesis é do executivo Ildefonso Colares, preso na sexta-feira. Os investigadores suspeitam que "R$ 3,0" significa R$ 3 milhões. Há ainda a anotação "Engevix (Gerson)". Trata-se de Gerson Almada, outro dos 23 detidos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

ABAIXO, AS ANOTAÇÕES DA AGENDA DE COSTA APREENDIDA PELA PF

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Defesa. Por sua assessoria, Sérgio Machado declarou "ser mentirosa e absurda a acusação feita contra si por Paulo Roberto Costa". O criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende Baiano, foi enfático. "O sr. Fernando não é lobista, nem operador do PMDB, mas representante no Brasil de duas empresas espanholas." Já a Engevix, "por meio de seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados", diz em nota.

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A Queiroz Galvão afirmou que suas atividades e contratos "seguem rigorosamente a legislação". Em nota, disse também que "está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".

Com a palavra, Sérgio Machado. Na manhã desta segunda-feira, 17, a assessoria de imprensa de Sérgio Machado, por meio de nota, refutou a ligação entre Fernando Baiano e a Transpetro que, segundo a nota, se baseia "em suposições inverídicas vazadas à imprensa de forma inescrupulosa e sem fundamento".

A assessoria do presidente licenciado da subsidiária sustenta que a anotação reproduzida não mostra o nome da Transpetro nem de Machado. Ainda de acordo com a nota, a maior parte dos afretamentos de navios e a gestão desses contratos é feita diretamente na Petrobrás, sem a participação da Transpetro. A nota diz ainda que Fernando Soares não foi intermediário de "qualquer aluguel de navio firmado" pela subsidiária.

Por fim, a assessoria alega que a gestão de Sérgio Machado era periodicamente inspecionada pelos órgãos oficiais de fiscalização e que o presidente licenciado não é réu e não tem contra ele "nenhuma ação de improbidade admitida pela Justiça".

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