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PF prende empresário ligado ao PT

Bené é suspeito de lavar dinheiro desviado de órgãos públicos por meio de empresas que faturaram mais de R$ 500 milhões

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O avião, que pertence a Bené e está avaliado em R$ 2 milhões, foi sequestrado. Foto: André Dusek/Estadão

Por Fábio Fabrini, de Brasília

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Atualizado às 12h50

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 28, quatro pessoas, acusadas de comandar o esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro investigado na Operação Acrônimo. Entre elas, estão o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, dono da Gráfica Brasil e de empresas de eventos, e o ex-assessor do Ministério das Cidades Marcier Trombiere. Os dois são colaborados de campanhas do PT, ente elas a do governador e Minas, Fernando Pimentel, no ano passado.

Não havia mandados de prisão expedidos pela Justiça contra os envolvidos, mas, durante as buscas, a PF decidiu prendê-los em flagrante por associação criminosa. De acordo com o delegado regional de Combate ao Crime Organizado no Distrito Federal, Dênis Cali, ao apreender documentos nesta sexta-feira, os agentes descobriram que os envolvidos continuavam praticando os crimes, o que motivou as detenções.

"Com os elementos colhidos hoje, é possível afirmar que eles continuam articulados para a atividade criminosa", justificou. Segundo ele, um encontro recente entre os investigados teria ocorrido para tramar ilicitudes.

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Bené e os outros presos foram conduzidos para a Superintendência da PF em Brasília. Além dele e de Marcier, foi preso o publicitário Vitor Nicolato, sócio de Bené e que, segundo investigadores, também trabalhou na campanha d Pimentel. Um quarto preso, não identificado, é apontado como "laranja" de Bené. Houve ainda uma quinta prisão por porte irregular de arma.

Conforme as investigações, cerca de 30 empresas, dos setores gráfico, de publicidade e de eventos, integrariam o esquema. Duas delas, a Gráfica Brasil e a Due Eventos, controladas por Bené, faturaram mais de R$ 500 milhões desde 2005. A receita cresceu de forma meteórica, graças a contratos firmados com órgãos públicos federais.

"Até agora, se conseguiu detectar o desvio de recursos de órgãos do governo federal com sobrepreço e inexecução de contratos", afirmou o delegado. O inquérito se baseou em auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal e Contas da União (TCU) em ao menos 39 contratos.

Segundo o delegado, o objetivo da operação é descobrir quais foram os destinos do dinheiro movimentado pelas empresas por meio das supostas operações de lavagem de dinheiro. O delegado disse que não há, por ora, partidos ou políticos com prerrogativa de foro entre os investigados.

A Operação Acrônimo começou em outubro do ano passado, depois que a Polícia Federal apreendeu, em meio à corrida eleitoral, R$ 113 mil em um avião que pousava em Brasília, vindo de Belo Horizonte. A aeronave trazia Bené e o ex-assessor do Ministério das Cidades Marcier Trombiere. Os dois eram colaboradores da campanha de Pimentel (PT).

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Questionado sobre o governador, o delegado afirmou que não há irregularidade, por ora, envolvendo o nome dele.

Nesta sexta, com ordem da Justiça, o avião, que pertence a Bené e está avaliado em R$ 2 milhões, foi sequestrado. Cerca 400 policiais fazem buscas em empresas e 30 endereços de pessoas físicas e mais 60 de empresas, a maioria em Brasília. Por ora, foram apreendidos R$ 100 mil e US$ 5 mil, além de cerca de dez carros de luxo e farta documentação.

As defesas de Benedito Rodrigues de Oliveira Neto e de Marcier Trombiere informaram que não tiveram acesso à investigação e ainda não vão se pronunciar.

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