A Polícia Federal encontrou, em busca e apreensão em endereços ligados ao coronel João Baptista Lima Filho, no âmbito da Operação Patmos, registros de compras de imóveis com o uso de uma offshore no Uruguai operada por um empresário alvo da Operação Castelhana, que investigou suposto esquema de sonegação fiscal que teria levado a um prejuízo de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
Documento
Langley Trade Co SACoronel Lima é um nome emblemático, muito ligado ao presidente Michel Temer desde os anos 1980, quando o presidente exerceu o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo (Governos Montoro e Fleury Filho).
Assim como Temer, o coronel está sob investigação da PF. O oficial da reserva teria recebido R$ 1 milhãoda JBS, mas o destinatário seria o presidente, segundo investigadores.
O relatório da PF dá conta de que parte dos itens apreendidos 'fazem referência à offshore Langley Trade Co. AS'.
Entre os documentos, estão escrituras de compra e venda de dois imóveis envolvendo a empresa em paraíso fiscal.
De acordo com o documento, a offshore era operada por José Emílio Gaston Tuneu Mohr, denunciado no âmbito da Operação Castelhana, deflagrada para investigar esquema de 'blindagem patrimonial'. A Receita Federal chegou a estimar que as fraudes causaram R$ 1 bilhão de prejuízo aos cofres públicos.
Em um dos documentos, uma promessa de venda e compra de imóvel, mostra que coronel Lima comprou da Langley um apartamento, em 1995, quando a empresa de fachada era administrada por José Aparecido da Silva.
Dois anos depois, a offshore passou a ser representada por Emílio Gaston, uruguaio alvo da Castelhana.
Em 2000, o coronel Lima voltou a fazer negócios com a Langley, quando adquiriu justamente o imóvel que foi alvo da busca e apreensão da PF.
Segundo o relatório, ainda foi encontrado um envelope do escritório "CHT Audifores y Consultores", apontado na Castelhana como uma das empresas uruguaias de Emílio que auxiliavam na 'blindagem' das offshores investigadas.
"Observadas as informações apresentadas no item 3.1 deste relatório, considera-se a possibilidade da offshore Langley Trade CO SA ser na verdade de João Baptista Lima Filho e integrar o mesmo esquema denunciado na Operação Castelha. SItuação que colocaria José Aparecido da Silva, CPF 814,013,538-00, como um "Iaranja" de João Baptista Lima Filho", anotou a PF.
COM A PALAVRA, CORONEL LIMA
A reportagem não localizou o coronel João Baptista Lima Filho. O espaço está aberto para manifestação de sua defesa.