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PF investiga 'taxista de confiança' de ex-tesoureiro da campanha de Dilma

Procuradores querem saber as razões das visitas de João Henrique Worn, motorista ligado a José de Filippi Junior, à UTC Engenharia, empreiteira pagadora de propinas

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e e Fausto Macedo
Atualização:

José de Filippi Foto: Estadão

A força-tarefa da Operação Lava Jato quer saber do 'taxista de confiança' do ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff (2010) José de Filippi Junior as razões de sua visita à UTC Engenharia, empreiteira envolvida no esquema de corrupção e pagamento de propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. A Polícia Federal levou João Henrique Worn para depor coercitivamente na sexta-feira, 4.

Segundo relatório do Ministério Público Federal, na Operação Aletheia, ápice da Lava Jato que pegou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-tesoureiro recebeu propina da UTC, em decorrência de contratos celebrados com a Petrobrás. Filippi também foi tesoureiro da campanha de Lula, em 2006.

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As informações sobre Filippi foram repassadas aos investigadores por dois delatores da Lava Jato, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, e o diretor de finanças, Walmir Pinheiro.

"João Henrique Worn é o taxista de confiança de José de Filippi Junior, responsável por receber, em nome deste, entre 2010 e 2014, valores entregues em diversas oportunidades na sede da UTC, conforme tabela apresentada pelos colaboradores Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro", aponta o documento. "A sua oitiva no dia da deflagração da operação permitirá a inquirição sobre quais as razões de sua visita à UTC, a mando de quem agia, dentre outros temas."

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 Foto: Estadão

O relatório aponta que José de Filippi é sócio do Instituto Diadema de Estudos Municipais e da AFC 3 Engenharia LTDA.

A força-tarefa suspeita que as sedes dessas empresas podem ter sido usadas por ele 'para a ocultação de documentos e provas que evidenciam a prática' de crimes. O Instituto Diadema e a AFC3 foram alvo de mandados de busca e apreensão na Aletheia.

"Jose de Filippi Junior foi tesoureiro do projeto de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, período no qual recebeu ilícitos desviados da Petrobrás a partir de contratos celebrados por esta estatal com a UTC e a Quip S.A.. Entre 7 de janeiro de 2011 e 24 de outubro de 2011, José de Filippi Junior ocupou a presidência do Instituto Luiz Inácio Lula da Silva, sendo que, no período de 2010 a 2014, recebeu vantagens indevidas destinada pela UTC em decorrência de contratos celebrados com a Petrobrás", destaca o documento.

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A Procuradoria afirma que Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro revelaram que José de Filippi 'solicitou e deles recebeu, entre 2010 e 2014, cerca de R$ 750 mil em espécie'.

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"Os valores foram entregues em diversas oportunidades na própria UTC, conforme tabela apresentada pelos colaboradores, na maioria das vezes, a João Henrique Worn, taxista de confiança de José de Filippi Junior. Os colaboradores também citaram uma doação de R$ 150 mil que foi efetuada pela UTC a José de Filippi Junior na época em que este concorria ao cargo de deputado federal em 2010", informa o relatório.

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De acordo com o documento, parte dos valores repassados a José de Filippi entre 2010 e 2014 'nada mais são do que um montante da propina destinada pela UTC ao Partido dos Trabalhadores em decorrência dos contratos por ela celebrados com a Petrobrás, especificamente o contrato firmado no Comperj (Consórcio TUC)'.

Os investigadores haviam pedido, em 22 de fevereiro, a prisão do ex-tesoureiro na Operação Aletheia, o ápice da Lava Jato que pegou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista foi conduzido coercitivamente - quando o investigado é levado para depor e liberado - e prestou depoimento por mais de 3 horas em uma sala da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas.

"Considerando as provas angariadas nas investigações, tem-se como imprescindível a decretação das prisões temporárias de Paulo Okamotto, José de Fillipi Junior e Paulo Gordilho", pediu a força-tarefa da Lava Jato.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da operação na 1ª instância, não autorizou a prisão temporária de José de Filippi.

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COM A PALAVRA, AS DEFESAS

O escritório de advocacia que defende José de Filippi Júnior foi contatado por e-mail e por telefone. A reportagem foi informada que não poderia ser atendida, pois o advogado de Filippi estava em reunião.

João Henrique Worn não foi localizado. A reportagem entrou em contato com o ponto de táxi onde João Henrique Worn trabalhava e foi informada que ele saiu de lá há pouco mais de um ano.

O espaço está aberto para José de Filippi Júnior e João Henrique Worn se manifestarem.

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