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PF diz que Segovia responderá Barroso na Quarta de Cinzas

Diretor-geral da PF nega ter afirmado que inquérito contra o presidente Michel Temer será arquivado

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Por Fabio Serapião e Luiz Vassallo
Atualização:

Fernando Segovia. Foto: AP Photo/Eraldo Peres

O diretor-geral da PF, Fernando Segóvia só irá responder aos questionamentos do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira, 14. À agência Reuters, Segovia afirmou que a tendência é que as investigações contra o presidente Michel Temer sobre o o Decreto dos Portos sejam arquivadas. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso mandou intimar o diretor-geral da PF para esclarecimentos.

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"Afirmo que em momento algum disse à imprensa que o inquérito será arquivado. Afirmei inclusive que o inquérito é conduzido pela equipe de policiais do GInqE com toda autonomia e isenção, sem interferência da Direção Geral", afirmou o diretor-geral da PF, por meio de nota.

Segóvia diz que acompanha e acompanhará 'com o cuidado e a atenção exigida todos aqueles casos que possam ter grande repercussão social, é meu dever, é o que caracteriza o cargo de direção máxima desta instituição'.

"Foi com este espírito que, em articulação com 13a Vara da Justiça Federal em Curitiba, reforçamos a equipe à disposição da Lava-Jato, dobramos o número de policiais à disposição do Grupo de Inquérito Especiais, dotamos a unidade de meios, reservando quase integralmente uma ala do Edifício Sede. Assim também agimos, providenciando meios, em muitas investigações que ainda correm em fase velada. Também assim procedemos quando com altivez lutamos e conseguimos a definitiva implementação do adicional de fronteira, demanda histórica de nossos colegas lotados em alguns casos nas inóspitas e carentes regiões fronteiriças", diz.

"Asseguro a todos os colegas e à sociedade que estou vigilante com a qualidade das investigações que a Polícia Federal realiza, sempre em respeito ao legado de atuações imparciais que caracterizam a PF ao longo de sua história", completa.

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STF. Neste sábado, 10, em pleno plantão do Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso mandou intimar Segovia para esclarecimentos.

"Tendo em vista que tal conduta, se confirmada, é manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal, determino a intimação do Senhor Diretor da Polícia Federal, delegado Fernando Segovia, para que confirme as declarações que foram publicadas, preste os esclarecimentos que lhe pareçam próprios e se abstenha de novas manifestações a respeito", diz o despacho de Barroso.

O ministro também pede que o Ministério Público Federal, como órgão de controle externo das atividades policiais, também tome as providências "que entender cabíveis".

No despacho, Barroso lembra que o inquérito contra Temer ainda não foi concluído, que Segovia sinaliza para a possibilidade de punição ao delegado Cleyber Malta Lopes (que conduz o inquérito), que diligências ainda estão em curso "razão pela qual não devem ser objeto de comentários públicos" e que Segovia ainda não recebeu o relatório do delegado responsável, parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) ou qualquer manifestação oficial dele, que é o relator do caso na Corte.

Entidades. As declarações do diretor-geral da PF provocaram reação imediata de delegados que participam de investigações de inquéritos especiais, envolvendo autoridades com foro. A Coluna do Estadão teve acesso a uma mensagem enviada em grupo de WhatsApp de delegados na qual dizem que 'ninguém da investigação foi consultado ou referenda essa manifestação'.

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"Os integrantes do Grupo de Inquéritos da Lava Jato no STF informam que a manifestação do Diretor Geral da Polícia Federal que está sendo noticiada pela imprensa, dando conta de que o inquérito que tem como investigado o Presidente da República tende a ser arquivado, é uma manifestação pessoal e de responsabilidade dele. Ninguém da equipe de investigação foi consultado ou referenda essa manifestação, inclusive pelo fato de que em três de anos de Lava Jato no STF nunca houve uma antecipação ou presunção de resultado de Investigação pela imprensa."

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A Associação Nacional dos Delegados de Policia Federal também criticou Segovia. Por meio de nota, a entidade diz que "independentemente da posição que ocupe na instituição" nenhum dirigente deve se manifestar sobre investigações em andamento"sob pena de violar prerrogativas dos delegados e fragilizar os resultados" dos trabalhos investigativos.

A Federação Nacional dos Policiais Federais pediu para que o diretor-geral da PF se 'retrate' e rechaçou  'partidarismos ou enlaces políticos que venham manchar' a 'conduta e reputação' dos investigadores.

A Associação dos Peritos Criminais também reagiu. "É sempre temerário que a direção-geral emita opiniões pessoais sobre investigações nas quais não está diretamente envolvida", diz a nota assinada pelo presidente da associação Marcos Camargo.

O presidente da OAB, Claudio Lamachia, afirmou que as declarações de Fernando Segovia são inapropriadas 'sobretudo porque, recentemente, manteve reuniões com o investigado'.

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