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Pezão estava na reunião sobre propina para Cabral no Guanabara, diz delator

Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, relatou ao juiz Sérgio Moro detalhes de encontro na sede do Executivo fluminense em 2010

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

13/01/2014 - Sérgio Cabral e Pezão. Foto: Marcos de Paula/Estadão

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da Operação Lava Jato, confirmou em depoimento nesta sexta-feira, 10, a presença do hoje governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB) em reunião no Palácio Guanabara, em 2010. Na ocasião, segundo o delator, o então chefe do Executivo fluminense Sérgio Cabral, também do PMDB, pediu 'apoio financeiro para a campanha dele'.

Costa depôs ao juiz federal Sérgio Moro, que preside ação criminal contra Sérgio Cabral.

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Segundo o delator, a partir de 2007, o PMDB passou a apoiá-lo na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás.

"Com essa definição do apoio do PMDB, o governador me chamou alguma vezes lá no Palácio e pediu ajuda monetária para ele, para as campanhas dele", disse o delator a Moro. "Isso ocorreu no ano de 2010. Ele me chamou lá um dia, eu estive lá no Palácio. Nós estávamos já executando a obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ele falou para mim que precisava, através dessas empresas que estavam executando a obra do Complexo, que ele precisava de apoio financeiro para a campanha dele e que eu tinha que ter uma atitude junto às empresas para dar esse apoio a ele."

Em 3 de março, o vice-procurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o arquivamento da investigação sobre Pezão em inquérito que apura corrupção e lavagem de dinheiro em contratos do Comperj. "Com a análise dos indícios especialmente relacionados ao detentor de foro especial no Superior Tribunal de Justiça, foi constatada a ausência de elementos suficientes para se deduzir uma imputação penal contra o atual governador do Rio de Janeiro", afimou José Bonifácio.

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Nesta sexta-feira, 10, Paulo Roberto Costa afirmou que o pedido de propina foi feito por Sérgio Cabral. "Nessa reunião que eu fui no Palácio Guanabara, estava presente ele, o secretário Wilson Carlos e, na época, o vice-governador Pezão. Os três estavam presentes nessa reunião. Ele incumbiu o Wilson Carlos de ser o interlocutor junto às empresas e assim foi feito", declarou. "O pedido foi só feito por ele, pelo Sérgio Cabral."

O delator afirmou que um tempo depois o empreiteiro Rogério Nora, da Andrade Gutierrez, o procurou na Petrobrás e o questionou sobre o pagamento para o governador Sérgio Cabral.

"Como ele havia me pedido, o governador me pediu, eu disse que sim, que era para fazer. Houve uma reunião na Petrobrás com o Rogério Nora e ele fez essa pergunta: se era ou não para fazer o pagamento ao governador. Eu falei 'sim, faça o pagamento'", disse o ex-diretor da Petrobrás.

Costa declarou não saber quanto cada empresa teria pago ao governador.

"Os contatos deixaram de ser feitos comigo. Quem estava conduzindo este assunto era o secretário Wilson Carlos", disse.

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"O governador nunca reclamou que os valores não teriam sido pagos. Eu me encontrei com ele várias vezes depois desse evento, em outros assuntos de relacionamento da Petrobrás como o Governo do Estado, na parte de licenciamento ambiental, em uma série de outras atividades do interrelacionamento empresarial da Petrobrás com o Governo do Estado e ele nunca se queixou que não teriam sido feitos os pagamentos."

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O advogado Eduardo Galil, que defende Sérgio Cabral, questionou Paulo Roberto Costa sobre seu relacionamento com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). "O sr. teve tanto êxito na sua administração que o sr. tinha uma certa intimidade com a presidenta Dilma".

"Intimidade eu não posso dizer que eu tinha. Ela era presidente do Conselho da Petrobrás de 2003 a 2010. Nós da Diretoria participávamos como convidados de todas as reuniões de Conselho e com certeza cada diretor tinha que, volta e meia, apresentar dados e fazer explanações sobre sua área. Nós tínhamos contato frequente com ela devido a esse fator de participar das reuniões do Conselho de Administração."

O advogado Daniel Raizman, que representa Carlos Miranda, apontado com operador de Sérgio Cabral quis saber de Paulo Roberto Costa qual foi a reação de Pezão na reunião de 2010. "Qual foi a atitude de Pezão quando foi feito o pedido? Ele escutou?"

O procurador Athayde Ribeiro Costa interrompeu. "O atual governador não é investigado nos autos."

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O juiz Sérgio Moro alertou. "Dr., existe uma questão de competência envolvida, nós não temos essa competência para apurar fatos em relação ao atual governador. Essa pergunta eu vou indeferir."

A reportagem procurou o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão e a defesa do ex-governador Sérgio Cabral. Não houve retorno.

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