O presidente da Petrobrás Pedro Parente declarou nesta sexta-feira, 18, que a estatal petrolífera 'foi vítima de crimes praticados por pessoas que se valeram dos seus cargos para sustentar seus projetos pessoais de riqueza e poder'.
"Uma minúscula minoria de funcionários e executivos envergonhou a imensa maioria de colaboradores e aposentados que construíram a grandeza da nossa companhia", disse.
Parente disse que a Petrobrás 'foi uma vítima de um escândalo de corrupção, a companhia não se beneficiou de quaisquer atos ilícitos revelados pela Operação Lava Jato e o Ministério Público e o Judiciário reconhecem isso'.
O presidente da estatal participou de evento na sede do Ministério Público Federal em Curitiba - base da Lava Jato - para devolução aos cofres da companhia de R$ 204 milhões recuperados do esquema de corrupção e cartel de empreiteiras que se instalou em suas diretorias estratégicas entre 2004 e 2014. "A companhia foi prejudicada, tanto financeira quanto moralmente, por atos ilícitos cometidos por uma minoria desonesta e criminosa", afirmou Parente.
Ele destacou a um grupo de procuradores da República que participaram do evento que a dívida da companhia cresceu de US$ 21 bilhões em 2006 para US$ 132 bilhões em 2015.
"Trata-se da maior dívida corporativa do Brasil, a maior do setor petróleo em todo o mundo, a segunda maior do continente americano e muitos desses gastos geraram essa dívida, não geram retorno algum para a nossa companhia."
"Esses atos ilícitos afetaram moralmente milhares de trabalhadores honestos, íntegros e competentes da Petrobrás, afetaram a imagem da maior companhia do Brasil", disse.
Ele anunciou estratégias importantes para eliminar de vez qualquer risco de ação de corruptos nos negócios da petrolífera. "Reconstruir a credibilidade da Petrobrás leva tempo, mas a liderança da empresa está 100% comprometida com esse propósito. Reforçamos nosso compromisso de manter a completa colaboração da nossa empresa com as autoridades que conduzem a Lava Jato."
Parente assinalou que a companhia 'vem implementando uma série de medidas para melhorar os controles internos e a sua governança'.
São 21 estratégias, ele informou. Uma delas, anotou, 'assegura transparência e eficácia do sistema de prevenção e combate a desvios, sem prejuízo da agilidade da tomada de decisão'.
"Implementamos um sistema de verificação de integridade dos nossos fornecedores e de candidatos às funções de liderança", declarou. "Como regra geral as decisões são tomadas por colegiado e não mais individualmente. Todos os nossos colaboradores aderiram ao Código de Ética ao Guia de Conduta. Uma atitude pro ativa no combate a desvios, fraudes e corrupção."
Segundo Parente, com os R$ 204 milhões devolvidos nesta sexta-feira, via Ministério Público Federal, já chega a mais de R$ 500 milhões o montante em caixa recuperado pela Operação Lava Jato. Ainda há um potencial de ressarcimento de mais de R$ 5,5 bilhões, observou.
Lembrou que a Petrobrás é coautora das ações contra os corruptos. "Nossa regra interna é esta, a Petrobrás é assistente de acusação em todas as ações penais que envolvem a companhia. São exatamente 30 processos contra ex-administradores, executivos de empreiteiras e fornecedores, operadores financeiros e políticos. Nesses processos já estão fixadas multas de pelo menos R$ 720 milhões. A Petrobrás vai continuar ao lado do Ministério Público Federal."
Ele manifestou 'como brasileiro, seu integral apoio ao projeto 10 Medidas contra a Corrupção' - iniciativa do Ministério Público Federal, em curso na Câmara dos Deputados.
"O gesto de hoje não está apenas no valor que a companhia recupera, mas no valor de que ninguém está acima da lei. Precisamos persistir na luta contra a impunidade."