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'Para distribuição de propina', A.Gutierrez criou 'verdadeira contabilidade', diz força-tarefa da Pripyat

Ministério Público Federal, no Rio, apresentou nesta quinta-feira, 28, a primeira denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado contra 15 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos entre Eletronuclear e as empresas Andrade Gutierrez e Engevix para as obras da Usina de Angra 3

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Obras de Angra 3. Foto: Eletronuclear

A denúncia da Operação Pripyat, que acusa formalmente ex-dirigentes da Eletronuclear por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, aponta que 'para distribuição da propina, foi criada uma verdadeira contabilidade pela construtora Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2014, com sistemático pagamento de vantagens aos envolvidos na organização criminosa'. O Ministério Público Federal, no Rio, apresentou nesta quinta-feira, 28, a primeira denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado contra 15 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos entre Eletronuclear e as empresas Andrade Gutierrez e Engevix para as obras da Usina de Angra 3.

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Dentre os acusados, estão os ex-dirigentes da Eletronuclear Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral Messias, José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani, além de ex-executivos da Andrade Gutierrez e Engevix. Os valores destinados ao núcleo político é investigado no Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público Federal aponta que parte dos valores ilícitos da Andrade Gutierrez sobre obras de Angra 3 foram pagas a cinco ex-dirigentes do alto escalão da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. A investigação mostra que dividiram 1,2% do valor total da obra (R$ 1,2 bilhão) o ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), o ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), o ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e o ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

Segundo os investigadores, Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani pegaram até R$ 2,4 milhões em propinas da construtora. Os valores teriam sido recebidos por meio de empresas intermediárias.

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Para os procuradores da República Lauro Coelho Junior, Leonardo Cardoso de Freitas, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, e o procurador regional da República José Augusto Simões Vagos, que assinam a peça, a 'denúncia apresenta o resultado da parcela mais significativa da investigação levada a cabo pelo Ministério Público Federal, cujo desfecho foi consumado na denominada Operação Pripyat, desdobramento da 16ª Fase da Operação Lava Jato (Radioatividade)'.

Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era aprofundar a investigação de organização criminosa responsável pela prática de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na construção da Usina de Angra 3 pela Eletronuclear. A partir de então, "descortinou-se a atuação de outros funcionários públicos, além do próprio ex-presidente da estatal Othon Luiz Pinheiro da Silva, e evidenciou-se a atuação de outros responsáveis por empresas interpostas utilizadas para viabilizar a lavagem dos ativos ilicitamente transferidos", apontam os procuradores.

"Com o aprofundamento das investigações, constatou-se que o núcleo administrativo da organização criminosa não se compunha apenas pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz, mas também pelos gestores Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral, Messias José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani, todos agora denunciados pelo Ministério Público Federal", informa a Procuradoria da República, em nota.

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

A empresa não vai se pronunciar.

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO FABRIZIO FELICIANO, QUE DEFENDE LUIZ MESSIAS

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"Luiz Messias já prestou todos os esclarecimentos à Polícia Federal, respondendo a todas as perguntas que lhe foram feitas, e negou, veementemente, a pratica de qualquer ilegalidade. A denúncia ajuizada ontem pelo Ministério Público Federal é baseada na palavra de pessoas que assinaram acordo de colaboração premiada e que, com isso, buscam obter benefícios da Justiça pelos crimes que já confessaram. Tais pessoas, contudo, não apresentaram nenhuma prova do envolvimento de Luiz Messias, que, repita-se, está preso e denunciado com base apenas na palavra de delatores."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANDRÉ PERECMANIS, QUE DEFENDE PÉRSIO JOSE GOMES JORDANI

"Estamos tranquilos quanto a inocência dele. Do que a gente viu, a situação dele é muito diferente das demais, inclusive, nos crimes que são atribuídos a ele. A nossa preocupação é com a saúde dele, um homem de 70 anos com problema sério de saúde. Estamos mais preocupados com a liberdade dele."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO BRAZ FERNANDO SANT'ANNA, QUE DEFENDE JOSÉ EDUARDO COSTA MATTOS

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O advogado Braz Fernando Sant'anna afirmou que está tomando ciência da denúncia. "O que tem nas investigações até agora realmente não vejo elementos para uma denúncia consistente."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIS RASSI, QUE DEFENDE EDNO NEGRINI

"A jurisprudência nacional se modificou com a Operação Lava Jato.  A prisão de Edno Negrini, mesmo considerando o novo posicionamento jurisprudências é um absurdo. Uma delação vazia, sem provas, mesmo para o "padrão Lava Jato" é insuficiente para qualquer prisão ou processo. Edno, apesar de inocente, esta preso por um nada jurídico."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CARLOS LUCHIONE, QUE DEFENDE MARCO AURÉLIO VIANNA PEREIRA E MARCO AURÉLIO BARRETO PEREIRA LEITE

"O caso dos meus clientes é muito específico, eles são proprietários da VW Refrigeração. Pesa lavagem e participação na organização criminosa que na verdade consta para todos (os denunciados). A acusação é que eles não teriam feito determinados serviços com a Andrade Gutierrez. Eu já tenho aqui praticamente todas as provas que eu vou informar o juiz, os serviços foram efetivamente feitos e pretendo demonstrar que que não vou essa questão a empresa não ter feito os serviços. Já estou com uma série de contratos comprovando a efetivação dos serviços. Tenho fotos das obras que foram feitas, dos serviços efetuados, não tenho só os contratos, porque poderiam ser questionados. Tenho outras provas que tinham contratos com a Andrade Gutierrez. Eles estão denunciados por conta de delação premiada."

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AS ACUSAÇÕES DA PROCURADORIA DE REPÚBLICA

Luiz Antônio de Amorim Soares, ex-diretor da Eletronuclear:

- Corrupção passiva Fato 1 (F1)

- Lavagem de ativos F3

- Lavagem de ativos F4

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- Corrupção passiva F7

- Lavagem de ativos F9

- Embaraço à investigação de organização criminosa F10

- Organização criminosa F12

Luiz Manuel Amaral Messias, ex-superintendente da Eletronuclear

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- Corrupção passiva F1

- Corrupção passiva F7

- Lavagem de ativos F9

- Embaraço à investigação de organização criminosa F10

- Organização criminosa F12

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José Eduardo Brayner C.Mattos, ex-superintendente da Eletronuclear

- Corrupção passiva F1

- Lavagem de Ativos F5

- Organização criminosa F12

Edno Negrini, ex-diretor da Eletronuclear

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- Corrupção passiva F1

- Organização criminosa F12

Pérsio José Gomes Jordani, ex-diretor da Eletronuclear

- Corrupção passiva F1

- Organização criminosa F12

Marco Aurélio Barreto Pereira Leite, sócio VW Refrigeração

- Lavagem de Ativos F5

- Organização criminosa F12

Marco Aurélio Vianna Pereira, sócio VW refrigeração

- Lavagem de Ativos F5

- Organização criminosa F12

Delmo Pereira Vieira, sócio da EVAL

- Lavagem de ativos F6

- Organização criminosa F12

Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez

- corrupção ativa F2

- Lavagem de ativos F3

- Lavagem de ativos F4

- Lavagem de ativos F5

Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez

- corrupção ativa F2

- Lavagem de ativos F3

- Lavagem de ativos F4

- Lavagem de ativos F5

- Lavagem de ativos F6

Flávio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez

- Lavagem de ativos F3

- Lavagem de ativos F4

- Lavagem de ativos F5

- Lavagem de ativos F6

Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez

- corrupção ativa F2

- Lavagem de ativos F3

- Lavagem de ativos F4

- Lavagem de ativos F5

- Lavagem de ativos F6

José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix

- Corrupção ativa F8

- Lavagem de ativos F9

Ludmila Gabriel Pereira, sócia da FlexSystem

- Embaraço à investigação de organização criminosa F11

Marlei Gabriel Pereira

- Embaraço à investigação de organização criminosa F11

 

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