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Operadores do PMDB entram na lista vermelha da Interpol

Jorge Luz e seu filho Bruno Luz são alvos de mandados de prisão na Lava Jato e agora estão no cadastro dos mais procurados no mundo; ambos possuem dupla nacionalidade e estão nos Estados Unidos

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Roberta Pennafort , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

A força-tarefa da Lava Jato pediu ao juiz Sérgio Moro a prisão dos lobistas Jorge e Bruno Luz, pai e filho, respectivamente, acusados de operar propinas para o PMDB no exterior, por identificar que eles deixaram o Brasil e que possuem dupla nacionalidade.

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O delegado Maurício Moscardi Filho, da força-tarefa da Operação Lava Jato, informou que Bruno Luz viajou para os Estados Unidos em 16 de agosto, e não há registro de retorno. Seu pai Jorge Luz deixou o Brasil no dia 11 de janeiro último. Por isso, a PF pediu a inclusão dos operadores do PMDB na difusão vermelha da Interpol. "Eventualmente, qualquer elemento que surja de prova podemos pedir outras medidas necessárias", disse Moscardi

"Aqui se interrompe mais um ciclo dentro da Petrobrás", afirmou o delegado.

O procurador da República Diogo Castor de Mattos disse que os dois operadores 'atuavam de forma conjunta como lobistas com interesses escusos na Petrobrás e faziam meio campo entre os que queriam pagar propina e os que queriam receber'.

Segundo a investigação, Jorge e Bruno Luz mantinham 'relação próxima' com outro operador do PMDB que já está preso, João Augusto Henriques. "Existe todo um acervo probatório que permite concluir que essas pessoas estiveram envolvidas de forma profissional, habitual, serial, na prática de crimes na Petrobrás", afirmou o procurador.

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A Lava Jato identificou que os dois lobistas teriam utilizado contas na Suíça e nas Bahamas para pagar propinas no esquema de corrupção na Petrobrás. Os dois são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, "suspeitos de intermediar propina de forma profissional e reiterada na diretoria Internacional da Petrobrás, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal", segundo a Procuradoria da República.

Além de decretar a prisão dos dois, a nova etapa da Lava Jato cumpre 15 mandados de buscas e apreensões no Estado do Rio de Janeiro.

Os pedidos protocolados pela força-tarefa em Curitiba tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.

De acordo com a Procuradoria da República, os dois alvos das prisões são suspeitos de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos. Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

A força-tarefa afirma ainda que 'esporadicamente' os investigados atuavam também em outras diretorias da Petrobrás. Na área de Abastecimento, as investigações identificaram a participação de Jorge Luz e Bruno Luz na intermediação de propinas no contrato de aluguel do terminal de tancagem celebrado entre a Petrobrás e a empresa Trafigura, e no contrato de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine.

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Também foi identificada atuação dos investigados no pagamento de propinas para Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços, decorrente de contratos celebrados com a empresa Sete Brasil para exploração do pré-sal.

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