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Operador em esquema de Cabral aponta 'senha' para propina: 'vamos tomar um café'

Wagner Jordão confirmou, em depoimento, 'taxa de oxigênio' do esquema de corrupção atribuído ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e disse que buscava 'alguns envelopes' enviados por executivos de empreiteiras para Hudson Braga, ex-secretário de obras

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Por Julia Affonso , Mateus Coutinho e Ricardo Brandt
Atualização:

Sérgio Cabral. Foto: Fabio Motta/Estadão

O funcionário do governo do Rio, Wagner Jordão Garcia, declarou à Operação Calicute - desdobramento da Lava Jato que prendeu o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) - que 'recebeu alguns envelopes' para o ex-secretário de obras Hudson Braga. Em depoimento, Wagner Jordão confirmou a 'taxa de oxigênio' no esquema de distribuição de propinas instalada no governo do peemedebista.

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Documentos coletados pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República, inclusive e-mails de executivos de empreiteiras recuperados pelos investigadores indicam que era frequente a referência ao termo 'taxa de oxigênio' empregado pelos aliados de Cabral quando o assunto era a divisão de valores ilícitos sobre contratos de obras bilionárias da gestão do peemedebista.

De acordo com Wagner Jordão, 'as pessoas da secretaria e empresários relatavam sobre a taxa de O2 (taxa de propina de 1% sobre contratos estaduais)'.

Wagner Jordão contou que trabalhou no governo Garotinho, entre 2001 e 2006, 'na função de desenvolvimento local, cargo ligado à Casa Civil'. Em 2007, relatou que voltou ao governo como assessor da vice-governadoria no gabinete de Pezão, então vice-governador e secretário de obras. Jordão disse que nesta época 'trabalhava mais com Hudson Braga, (na época) subsecretário executivo de obras'.

"Indagado se recebeu pagamento de propinas que seria para ser repassados a Hudson Braga, o declarante esclarece que algumas vezes recebeu alguns envelopes, isso sempre na rua México ao lado do Banerjão, sendo eles entregues a Hudson Braga; que nessas ocasiões Hudson Braga dava ordens ao declarante para que pegasse uns projetos com tais pessoas", contou.

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Jordão disse lembrar 'de ter recebido tais envelopes' de executivos de empreiteiras. O servidor público declarou não saber precisar a periodicidade das entregas, 'mas relata que toda semana tinha alguém procurando Hudson, e podendo afirmar que essas pessoas, em regra, ao menos uma vez ao mês procuravam Hudson e esse o acionava para buscar "tais projetos"'.

"Algumas vezes esses representantes já citados ao ligar para o declarante, para efetuar as entregas já ajustadas com Hudson, diziam: "vamos tomar um café"; que alguns destes encontros foram num café da Rodrigo da Silva e locais próximos como : Menezes Cortes, Confeitaria Cave (Rua Uruguaiana, salvo engano), subsolo do Edifício Avenida Central e outros", declarou.

Wagner Jordão foi preso em 17 de novembro, na deflagração da Calicute. A PF foi à casa de Wagner Jordão Garcia, em Ipanema, zona sul do Rio, para cumprir um mandado de prisão preventiva contra ele. Na ocasião, a Procuradoria da República, no Rio, apontou que ele tentou fugir carregando uma maleta com R$ 22 mil em dinheiro vivo.

Neste depoimento, Jordão negou que estivesse preparando algum 'tipo de fuga'.

"O valor encontrado com o declarante seria destinado parte a pagamentos de despesas domésticas e parte para despesas de viagem em São Paulo, inclusive hotel, para onde já tinha reserva e passagem de ida e volta, sendo que comparece a duas feiras duas vezes ao ano, ainda mencionando que essa feira dá desconto para pagamento antecipado em espécie", disse.

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