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Operador do MDB nas ruas

Mário Miranda, alvo maior da Operação Dejà Vu, fase 51 da Lava Jato, confessou crimes e colocou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados da Suíça; nesta sexta-feira, 1, o juiz Sérgio Moro mandou expedir alvará de soltura

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Por Julia Affonso , Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Sérgio Moro. Foto: EFE/Antonio Lacerda

O juiz Sérgio Moro mandou expedir alvará de soltura de Mário Miranda, apontado como operador de propinas do MDB, nesta sexta-feira, 1. Alvo principal da Operação Dejà Vu, fase 51 da Lava Jato, Miranda confessou crimes e colocou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados da Suíça.

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O DESPACHO

O dinheiro, segundo ele próprio, teve origem em 'práticas ilícitas em contratos da Petrobrás'. A investigação Dejà Vu mira contrato da área Internacional da Petrobrás no valor de US$ 825 milhões que teria rendido propinas de US$ 40 milhões ao MDB, em suposto encontro entre delatores da Odebrecht, os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha e Temer, então candidato a vice-presidente, em 2010.

+Dejà Vu age contra esquema de R$ 200 milhões e atinge o MDB

Miranda e outro operador, Sérgio Bocaletti, são suspeitos de receber US$ 31 milhões por meio de contas mantidas por operadores financeiros no exterior e supostamente representavam políticos do MDB. Os operadores são investigados por entregas de valor equivalente em moeda nacional, em espécie e no Brasil, ao encarregado pelo recebimento e distribuição do dinheiro aos agentes políticos. Sob sigilo, as declarações de Miranda foram registradas pela força-tarefa da Operação Lava Jato no dia 16.

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O depoimento envolve contrato que, segundo a Odebrecht e os investigadores, beneficiou o MDB em 2010, em suposto acerto com políticos da cúpula do partido, dentro do escritório de Michel Temer em São Paulo.

O termo foi assinado após a prisão de Miranda na 51.ª fase da Operação Lava Jato, que mira suspeita de propinas em benefício do partido.

Nesta sexta-feira, o juiz Sérgio Moro despachou. "Considerando que R$ 6.129.355,34 já foram depositados na conta judicial, expeça-se o alvará de soltura em relação a Mario Ildeu de Miranda, bem como o termo de compromisso com as cautelares. Deverá subscrever no prazo de cinco dias os formulários necessários para a renúncia dos valores bloqueados no exterior e repatriação dos mesmos junto ao Ministério Público Federal."

Miranda está livre, mas não pode sair do País, por imposição de Moro. "Oficie-se ainda à Delegacia da Polícia Federal de Fronteira para registrar a proibição de que deixe o país."

Para os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, há 'contas secretas ainda mantidas no exterior e que não tiveram saldos sequestrados', como a offshore Fairfamily Foundation, mantida pelo operador nas Bahamas.

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De acordo com o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende o operador, no depoimento do dia 16 Mário Miranda 'respondeu a todas as perguntas e enfrentou as apontadas omissões que, segundo o MPF, justificaram a prisão preventiva'.

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Basto disse que o operador 'manifestou em seu depoimento que abre mão de eventuais valores depositados no exterior e concorda com a repatriação, comprometendo-se ainda a apresentar, quando os bancos enviarem, os documentos da conta da fundação no Banco Heritage que deram origem à movimentação para a instituição nas Bahamas'.

Entre as contas de valores ilícitos repatriados e já postos à disposição das autoridades pelo operador estão uma mantida no banco suíço Julius Bar, com saldo atualizado em 2 de abril de 2017 no valor de US$ 1.834.682, e outra no Credit Suisse, com saldo atualizado em 17 de março de 2017 no valor de US$ 5.449.540.

De acordo com Miranda, o valor totaliza US$ 7.284.222, a ser atualizado. Ainda restaria conferir o 'saldo na conta mantida nas Bahamas cujos demais dados desconhece'.

Defesas. No dia 20 de maio, quando o depoimento de Miranda foi divulgado, a reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, mas não obteve resposta.

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Foram procuradas as defesas dos ex-deputados e ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Alves, mas elas também não se manifestaram

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