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Omertà diz que 'palavra' de Odebrecht não é imprescindível e não há acordo

Nova fase da Lava Jato despreza importância de declarações do maior empreiteiro do País que tenta fechar delação premiada

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Marcelo Odebrecht foi preso em 19 de junho de 2014. Foto: Félix R/Futura Press

A força-tarefa da Operação Lava Jato esvaziou a importância de revelações que podem ser feitas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht. Integrantes da Omertà, 35ª fase da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Antonio Palocci, disseram nesta segunda-feira, 26, que a 'palavra' de Marcelo Odebrecht não é 'imprescindível'.

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Há meses, o empreiteiro tenta fechar um acordo de delação premiada. Ele foi capturado na Operação Erga Omnes, em 19 de junho de 2015, e condenado a 19 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Oficialmente, a Polícia Federal informou que 'a postura atual do comando da empresa se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados'.

Segundo a procuradora da República Laura Gonçalves Tessler, 'não há acordo com a empresa (Odebrecht), então não há nesse sentido'.

"As investigações prosseguem. Não há acordo firmado, não há nada", enfatizou.

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O delegado Filipe Hille Pace, da Polícia Federal, afirmou que a Omertà foi deflagrada sem a necessidade de informações eventualmente transmitidas por Odebrecht.

O delegado desprezou a participação do empreiteiro. Segundo o delegado, Odebrecht não tem colaborou com as investigações da Lava Jato porque se cala frequentemente.

"Não pedimos medidas contra a empresa porque já temos material que embasou nossas dúvidas, provas concretas", afirmou. "Todas as vezes que queríamos ouvir Marcelo Odebrecht ele ficou em silêncio."

"Não é imprescindível a palavra do sr. Marcelo Odebrecht em vista da robustez das provas. Ele está preso, já sofreu três decretos de prisão preventiva. Então, não há necessidade de novas prisões contra Marcelo Odebrecht."

COM A PALAVRA, A DEFESA DE ANTONIO PALOCCI

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O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que o ex ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. Batochio disse que ainda não tem detalhes sobre os motivos da prisão de Palocci. Batochio acompanhou Palocci à superintendência da PF em São Paulo.

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O criminalista foi enfático ao protestar contra o que chamou de 'desnecessidade' da prisão do ex-ministro. Ele criticou, ainda, o nome da nova fase da Lava Jato, Omertà.

"A operação que prendeu o ex-ministro é mais uma operação secreta, no melhor estilo da ditadura militar. Não sabemos de nada do que está sendo investigado. Um belo dia batem à sua porta e o levam preso. Qual a necessidade de prender uma pessoa que tem domicílio certo, que é médico, que pode dar todas as explicações com uma simples intimação?".

"O que significa esse nome da operação? Omertà? Só porque o ministro tem sobrenome italiano se referem a ele invocando a lei do silêncio da máfia? Além de ser absolutamente preconceituosa contra nós, os descendentes dos italianos, esta designação é perigosa."

Batochio chama a atenção para o fato de Omertà ter sido deflagrada na semana das eleições municipais. "Soa muito estranho que às vésperas das eleições seja desencadeado mais este espetáculo deplorável, que certamente produzirá reflexos no pleito."

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O criminalista apontou para as declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, neste domingo, 25. Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Moraes disse a um grupo de pessoas que a Lava Jato iria prosseguir 'essa semana'.

"Muito mais insólita foi a antecipação do show pelo sr. ministro da Justiça em manifestação feita exatamente na cidade de Ribeirão Preto, onde Palocci foi prefeito duas vezes. Tempos estranhos", disse Batochio.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT

A empresa não vai se manifestar sobre o tema.

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