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Odebrecht pagou marqueteiro de Serra, diz delator

Pagamento para a GW Comunicação, do marqueteiro Luiz Gonzalez, responsável por campanhas do senador tucano entre 2002 e 2010, teria saído da obra da Linha 2 do Metrô

Por Fabio Serapião e Fabio Leite
Atualização:

O delator Benedicto Júnior, o 'BJ', ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, entregou aos investigadores uma planilha na qual elenca as obras no Estado de São Paulo em que teria havido pagamento de propina. Uma das obras, segundo o delator, é a Linha 2 do Metrô de onde teria saído um pagamento para a empresa GW Comunicação, do marqueteiro Luiz Gonzalez - responsável por campanhas do tucano José Serra (PSDB).

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No documento entregue à Lava Jato, 'BJ' não detalha a forma e os valores supostamente repassados à GW. O delator apenas informa que foram 'localizados pagamentos para a empresa GW'. Mas em um relatório da Polícia Federal produzido com base no material apreendido em um HD de 'BJ', em uma das fases da Lava Jato, a PF transcreve uma troca de e-mails entre 'BJ', Marcelo Odebrecht e Fabio Gandolfo, então diretor da empreiteira em São Paulo.

Com o título de DGI, segundo a PF sigla utilizada para propina, a mensagem de 30 de agosto de 2004 aborda a programação de pagamento de R$ 2 milhões relacionados à obra da linha 2 do Metrô. "Segue programação L2 para o fim do mês - comunicação=GW - careca=amigo PN - I=R$ 2.000.000,00", diz a mensagem trocada entre os executivos.

Segundo as informações prestadas pelos delatores, "careca" e "amigo PN" são codinomes utilizados para o senador José Serra - o último por conta da relação dele com o ex-presidente da Odebrecht, Pedro Novis (PN).

 Foto: Estadão

A GW, apontada como destinatário do pagamento, é a mesma que 'BJ' cita em sua delação sem apontar os valores. Naquele ano de 2004, Luiz Gonzalez foi o marqueteiro da campanha de Serra à Prefeitura de São Paulo.

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Segundo a prestação de contas do tucano no Tribunal Superior Eleitoral, a GW recebeu ao menos R$ 1,8 milhão da campanha vitoriosa de Serra.

 Foto: Estadão

Linha 2. A obra para extensão da Linha 2 do Metrô teve seu contrato assinado na década de 1990. Por causa da falta de recursos, o governo de São Paulo não executou o contrato até que, em 2003, o governador Geraldo Alckmin decidiu retomar a obra e expandir a linha que atualmente vai da Vila Madalena até a Vila Prudente.

Outro executivo da Odebrecht que aparece no e-mail sobre os pagamentos para a GW, Fabio Gandolfo, também detalhou outros pagamentos provenientes da obra. "Neste período [de contrato] nós recebemos do Metrô mais ou menos 320 milhões de reais porque tinha reajuste. Eu detectei pagamento para (...) o Vizinho de 4,670 milhões. Os 3% dariam 7,5 milhões, mas eu só detectei isso. Mas eu sai do contrato em 2006. O contrato do lote 3 se estendeu e eu não sei se foi pago depois", disse o delator.

O "vizinho" citado por ele seria José Serra - este outro apelido faz alusão ao fato de o senador ser vizinho do ex-presidente da empreiteira Pedro Novis.

A investigação sobre a linha 2 do Metrô foi encaminhada para a Justiça Federal de São Paulo. Serra será investigado no STF por possuir foro privilegiado.

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Procurada pela reportagem, a GW informou que Gonzalez deixou a empresa em 2013. O Estado não conseguiu contato com o marqueteiro. O senador José Serra afirmou que não se manifestará sobre o tema.

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