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Obras no porto de Itaqui tiveram fraude em licitação e caixa 2, afirma delator

Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, relatou 'conluio e combinação de preços' das empreiteiras no Maranhão

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Por André Borges e de Brasília
Atualização:

Sede da Odebrecht em São Paulo. Foto: JF Diorio/Estadão

Atualizada em 18 de abril, às 11h01

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As obras de expansão do porto de Itaqui, maior porto da região Norte do País, localizado em São Luís (MA), foram alvo de conluio e combinação de preços entre as empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Serverg, além de envolverem o pagamento de caixa 2. Os crimes foram detalhados pelo delator Raymundo Santos Filho, ex-executivo que atuava em operações da Odebrecht nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.

Segundo o delator, as empreiteiras combinaram os preços das obras de reformas de dois berços de atracação do porto e da construção de um terceiro berço, obras que somaram mais de R$ 180 milhões e que tiveram início em 2006. "Procuramos a Andrade Gutierrez para fazer um acordo para atuar nessas obras", disse Santos Filho.

Juntas, as duas empreiteiras foram procurar a Serveng para combinar os preços das três obras, mas a empresa negou, porque já estava na região e queria ficar a construção do terceiro berço, disse o relator. Por conta disso, Odebrecht e Andrade acabaram ficando apenas com a expansão dos dois berços que já existiam.

Em 2008, disse o delator, o então deputado federal e presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), João Castelo (PSDB), morto em dezembro de 2016, pediu dinheiro ao consórcio da Odebrecht e Andrade para financiar sua campanha para à prefeitura de São Luís, eleição que viria a vencer.

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De acordo Raymundo Santos Filho, R$ 200 mil foram repassados a João Castelo em julho de 2008. "Essa ajuda foi prestada em dinheiro vivo", disse o delator. "A Andrade providenciou os recursos de R$ 200 mil".

A entrega do dinheiro, segundo ex-funcionário da Odebrecht, foi feita na residência do ex-executivo da Andrade Gutierrez, Marco Antônio de Castro, à filha do próprio João Castelo. "Ele pedi a mim e ao Marco Antônio", disse Santos Filho. "Essa entrega foi feita, pelo que o Marco Antônio me relatou, à filha do João Castelo, chamada Gardênia Castelo."

O pagamento do caixa 2 era uma contrapartida dada a João Castelo, que teria atuado em Brasília para destravar pagamentos das obras, os quais estavam atrasados pelo governo federal. No período, os contratos passaram por cinco termos aditivos.

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

A empreiteira Andrade Gutierrez afirmou, por meio de sua assessoria, que não iria se pronunciar sobre as acusações. COM A PALAVRA, A SERVENG

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A reportagem enviou mensagem à Serverg. Ainda não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação da empresa.

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COM A PALAVRA, GARDÊNIA CASTELO

A filha de João Castelo, Gardênia Castelo, retornou contato da reportagem nesta terça-feira, 18, e se disse surpresa com o conteúdo da delação do ex-executivo Raymundo Santos Filho. Ela disse que não conhece o delator. "Fiquei muito surpresa com a delação, que considero leviana, irresponsável. Não conheço esse cidadão. Não tenho qualquer participação (nos fatos mencionados). Lamento profundamente meu pai não estar aqui para poder se defender", afirmou.

Gardênia informou que seu pai, João Castelo, esteve à frente do Porto no período de janeiro de 2007 a abril de 2008. Nesse período, segundo ela, nenhuma licitação foi feita. Depois que ele deixou o cargo, segundo ela, teve as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. "Foi uma passagem rápida (do pai pelo porto) e as contas foram aprovadas pelo tribunal", enfatizou.

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