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OAB vê 'quadro de degradação moral'

Ordem dos Advogados do Brasil diz que 'sucessão de escândalos incorporou-se à rotina do País' e questiona como circulação de milhões em dinheiro vivo nunca foi barrada

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Por Beatriz Bulla , Luiz Vassallo e Julia Affonso
Atualização:

Claudio Lamachia, advogado e presidente nacional da OAB. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Ordem dos Advogados do Brasil apontou nesta sexta-feira, 8, um 'quadro de degradação moral e institucional' no País.

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Em nota subscrita pelo presidente do Conselho Federal Claudio Lamachia, a principal entidade da Advocacia alerta que 'a sucessão de escândalos há três anos incorporou-se dramaticamente à rotina do país'.

OAB condena a 'inoperância dos órgãos de controle do Estado'.

Nesta sexta, 8, a Polícia Federal prendeu novamente o ex-ministro Geddel Vieira Lima (Governos Lula e Temer), atribuindo a ele a propriedade da fortuna de R$ 51 milhões encontrados em um apartamento no bairro da Graça, em Salvador.

"Trata-se de um escândalo dentro do escândalo", diz Lamachia.

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"O cidadão-contribuinte, que paga a conta de tais desmandos, não entende como quantias estratosféricas circularam no sistema bancário, com frequência e desenvoltura, sem que os órgãos incumbidos de monitorá-las tenham cumprindo esse dever elementar", ressalta o presidente da Ordem.

Na avaliação de Lamachia, se os órgãos de fiscalização tivessem cumprido sua missão 'tais aberrações não teriam assumido as proporções a que assistimos, levando o país à maior crise política, econômica e moral de sua história'. "Os mecanismos de controle existem e o correntista comum a eles se submete, enfrentando muitas vezes excessivo rigor burocrático. O mesmo, porém, não ocorreu em relação aos criminosos de colarinho branco, como tem testemunhado a população brasileira, no curso das investigações da Lava Jato e tantas outras."

OAB questiona. "Como se explica o trânsito de malas e malas com dinheiro vivo, na escala dos milhões, como as encontradas no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima?"

"Sabe-se que o saque bancário, além de determinado limite, exige esclarecimentos, que os titulares daquelas fortunas não prestaram. O país exige essa explicação."

OAB aponta, ainda, para as revelações do ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil) que, na quarta-feira, 6, interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro entregou os ex-presidentes Lula e Dilma como envolvidos em um 'pacto de sangue' com a empreiteira Odebrecht.

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OAB também cita os áudios de Joesley Batista, delator da JBS.

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"O depoimento do ex-ministro Antônio Palocci e os inacreditáveis áudios de Joesley Batista, da J&F, revelam que contaram com a cumplicidade de operadores no âmbito do Estado e do sistema financeiro", afirma Lamachia.

"E não apenas: segundo a Procuradoria-Geral da República, sob o comando da própria Presidência da República. Nada menos que três ex-presidentes estão denunciados ao Supremo Tribunal Federal, por, entre outros delitos, corrupção passiva e formação de quadrilha. Jamais se viu nada igual!"

A nota da Ordem cobra respostas. "Sem que tudo isso se esclareça, e com urgência máxima, o manto da suspeição continuará a cobrir o conjunto das instituições do Estado, o que é trágico para a democracia brasileira."

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