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'O Zé nunca foi dinheirista', afirma defensor

Advogado Roberto Podval diz que José Dirceu, preso na Operação Pixuleco, 'não é chefe de quadrilha'

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Por Redação
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Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Fausto Macedo

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O criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) - preso na Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato -, afirmou nesta quinta-feira, 6, que 'o Zé nunca foi dinheirista'.

Após acompanhar o depoimento do irmão do ex-ministro, advogado Luiz Eduardo Oliveira e Silva, que também foi preso na Pixuleco, Roberto Podval declarou que 'é estúpida' a suspeita da Lava Jato de que José Dirceu era o chefe da organização que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014 para desvios, fraudes e propinas.

"Podem fazer a crítica que quiserem, podem gostar dele (Dirceu) ou não, o público pode odiá-lo, mas o Zé nunca foi dinheirista, não é a história dele. Zé nunca foi atrás de dinheiro. Colocarem ele como chefe de quadrilha é uma coisa estúpida. Aí eu vejo delator (Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobrás) entregando 249 milhões de reais e o Zé pedindo dinheiro para sobreviver. Isso não é chato? Aí ele é o chefe de quadrilha? É a coisa mais estúpida que ouvi. O chefe da quadrilha precisa de dinheiro para sobreviver, enquanto o subalterno tem 250 milhões para entregar à Justiça? Esse mundo tá maluco. Tem que ver o papel de cada um nessa história."

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Roberto Podval. Foto: Reprodução

Podval destacou que 'até hoje nenhum dos delatores falou do Zé recebendo no exterior'.

"Quase todos se transformaram em delatores, nenhum falou dele. O Zé não tem porque não tem (dinheiro). Não era o objetivo dele. O objetivo dele é fazer política. Esse homem não ficou rico."

A PF diz que a empresa do ex-ministro, JD Assessoria e Consultoria, faturou R$ 39 milhões em oito anos, valor supostamente com origem em propinas do esquema Petrobrás. PF diz que Dirceu continuou recebendo propinas mesmo depois de preso na Papuda, em Brasília, condenado no Mensalão por corrupção ativa a 7 anos e onze meses.

Segundo Podval, o irmão do ex-ministro admitiu à Polícia Federal ter procurado empresas para pedir dinheiro, quando Dirceu já estava preso. "O Luiz Eduardo (irmão de Dirceu) contou, esclareceu tudo. Ele procurou, sim, empresas com as quais a JD Assessoria e Consultoria já tinha contratos. Algumas ajudaram, 10 mil reais, 20 mil reais, outras não. Estava numa situação grave, com dívidas. Ora, não tem sentido o irmão ficar pedindo dinheiro e aí dizem que o Zé ficou rico."

Roberto Podval afirmou que o ex-ministro não vai fazer delação premiada. " O Zé morre na cadeia, mas o Zé não faz delação. É só conhecer o Zé Dirceu. Não é um homem que busque enriquecer, não é esse o objetivo da vida dele. Não é um homem que admite fazer delação, pela sua própria estrutura. Ele é um dos dois ou três que morrerão sem fazer delação."

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O criminalista rebateu a informação de que Dirceu tentou ocultar patrimônio ao vender para um ex-sócio dele na JD Assessoria, a casa onde mora sua mãe, em Passa Quatro, Minas. "Esse patrimônio não foi ocultado. O imóvel já estava registrado no nome dele (Júlio César) . Essa relação está esclarecida, a casa foi passada para o nome dele (Julio César), não foi escondido não. É bom que se diga. A casa da mãe, a casa do irmão, a casa do Zé, isso não tem nenhuma comparação com o patrimônio dos que estão aí fazendo as delações. Os valores que estão colocados, estou falando dos operadores (de propinas), dos delatores que saíram correndo para delatar todo mundo e que se colocaram como os bonzinhos da história. Todos eles têm fortunas, fortuna que nenhum de nós conseguiu ter. Por isso, é importante tratar as coisas como elas são."

O criminalista disse que visitou Dirceu na Custódia da PF em Curitiba, base da Lava Jato. Garantiu que o ex-ministro não falou nada sobre a falta de apoio do PT. "Eu conversei longamente com o Zé. Ele está muito sereno. O Zé não está trabalhando muito com política partidária. Ele entende a situação do País, todo mundo muito preocupado com isso. A preocupação dele hoje é a defea dele, desfazer esse imbroglio em que foi colocado. Não vi mágoa dele com o PT, nem cobrança do PT, nem expectativas (de apoio do partido). Está muito sereno."

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