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O Triplo X, o tríplex, a Bancoop e a OAS

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Por Luiza Santelli Mestieri Duckworth
Atualização:
Fachada do Condomínio Solaris, no Guarujá. Foto: MOTTA JR./FUTURA PRESS

E notório o sorriso no rosto dos "cooperados", vendo o suposto tríplex da família Lula, no Solaris -- obra inicialmente da Bancoop que foi cedida para a OAS -- ser motivo de investigação.

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Ora, é fácil entender os sorrisos. Todos os cooperados que tiveram os empreendimentos cedidos para a OAS foram objeto de coação para pagar novos valores -- ou pagavam ou seriam desligados da Bancoop e a OAS ficaria com o imóvel . Não foi um ou outro "cooperado", mas milhares de famílias expostas a um verdadeiro terrorismo. E essas famílias não tiveram tempo algum para acompanhar reformas , ver obras e só depois decidir. E muitas delas já haviam quitado suas unidades há vários anos com a Bancoop.

As cessões de diversos empreendimentos da Bancoop para OAS foram orquestradas por João Vaccari Neto, presidente da Cooperativa. Eram feitas assembleias onde os cooperados que haviam quitado seus imóveis há três, quatro ou até cinco anos antes da cessão para a empreiteira eram barrados por seguranças e chamados de inadimplentes, na porta das reuniões e por cartas enviadas pelo presidente da cooperativa.

As famílias foram e são humilhadas até hoje. Muitas entraram na Justiça contra a Bancoop/OAS para terem o direito de obter a escritura dos apartamentos que já pagaram, outras para conseguirem receber as unidades prometidas, enfim, para que seus direitos sejam reconhecidos.

Os cooperados estão afoitos em ver a resposta dos investigados na cobertura do Solaris. Afinal, por que a família Lula teve tempo de acompanhar reforma, fazer elevador privativo, sem ser motivo de qualquer ação da OAS/Bancoop?

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Os cooperados, via de regra, tinham uma única opção: após a cessão para a OAS tinham um prazo em torno de 30 dias para demitirem-se da Bancoop e assinarem novo contrato com a empreiteira, do contrário, perderiam o imóvel e receberiam o que pagaram com desconto de 15%, mas só após 12 meses e em 36 parcelas. Daí, a pergunta: por que a família Lula não teve esse mesmo tratamento? A resposta só os envolvidos podem dar ao Ministério Publico.

A história não seria conhecida se as associações dos "cooperados" lesados por Bancoop e OAS não tivessem se unido e requerido aos escritórios que atendem a diversos casos que produzissem uma representação criminal em face da Bancoop /OAS e outros.

Às famílias lesadas pelos desmandos da Bancoop, resta esperar que a Justiça faça valer os direitos de todos aqueles que foram iludidos pelas promessas de concretizar o sonho da casa própria e puna exemplarmente os que se beneficiaram desse esquema criminoso.

* Luiza Santelli Mestieri Duckworth é advogada

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