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O País está órfão, afirma jurista signatário do impeachment

Em São Paulo, Miguel Reale Jr diz que Brasil vive crise de autoridade e dispara: Temos um Supremo no qual não se confia, um Senado e uma Câmara cujos presidentes passam a maior parte do tempo pensando em como postergar o processo contra eles

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Por Julia Affonso
Atualização:

Palácio do Planalto. Foto: André Dusek/Estadão

Atualizada às 18h37

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Em palestra, em São Paulo, o jurista Miguel Reale Jr, um dos signatários do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira, 10, que há uma crise de autoridade: "O País está órfão."

A Comissão Especial da Câmara dos Deputados analisa o pedido de abertura de processo contra a presidente Dilma. A discussão do parecer apresentado pelo relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), será encerrada na madrugada deste sábado, por volta das 3 horas. Na segunda-feira, 11, em sessão marcada para as 10 horas, deverá ter início o processo de votação, com espaço para fala de líderes, questões de ordem etc. Para o jurista, o vice-presidente da República, Michel Temer, deve se tornar presidente 'dentro de poucos dias'.

"A verdade, este é o desafio que se encontra diante de Michel Temer, que eu acredito que venha a ser o presidente do Brasil dentro de poucos dias. Nós vamos conseguir afastar Dilma Rousseff da presidência. É um sentimento geral, os ventos batem neste sentido. Não me preocupo mais se vamos ou não afastar Dilma Rousseff, acredito que sim. Me preocupo, sim, com o que deve fazer o novo presidente. Ele deve instituir algo que neste País jamais foi aceito: a meritocracia", afirmou. "Há uma crise de autoridade, o país está órfão."

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Miguel Reale Jr participa de encontro do Instituto dos Advogados de São Paulo. Foto: Julia Affonso/Estadão

Reale Jr. fez palestra "Dilemas Brasileiros" na reunião-almoço mensal do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). "Estamos diante de uma crise avassaladora. Economistas me dizem que se o governo Dilma continuar até junho, julho, o Brasil vai à falência, que as empresas estão altamente endividadas, sem capacidade de contração de empréstimo. É um outro quadro fundamental, absolutamente fundamental", afirmou.

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"Nós temos um Supremo Tribunal Federal no qual não se confia. Nós temos um Senado e uma Câmara dos Deputados cujos presidentes passam a maior parte do tempo pensando em como postergar o processo que se encontra contra eles no Supremo Tribunal Federal ou na Comissão de Ética. Os partidos políticos praticamente não existem."

Miguel Reale Jr. foi Ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso em 2002.

O jurista criticou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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"É a crise moral e a crise da autoridade.  Nós não temos autoridade. Autoridade significa ter poder, capacidade legitimamente reconhecido", disse. "Nós poderemos exigir algo de Renan Calheiros,  de Eduardo Cunha, de Luiz Inácio Lula da Silva?"

Miguel Reale Jr comentou ainda a postura da advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment. Janaína Paschoal fez um discurso exaltado no Largo São Francisco, faculdade de Direito da USP. A advogada foi alvo críticas e 'memes' após a publicação de um vídeo em que aparece criticando efusivamente o governo e o ex-presidente Lula.

"Não acompanhei. Só posso dizer que ela estava muito animada pelo sucesso do evento", disse.

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