PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Novo delator confirma R$ 10 milhões a ex-presidente do PSDB para abafar CPI

Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, afirmou à Procuradoria-Geral da República que em 2009 dinheiro foi entregue ao senador Sérgio Guerra (morto em 2014); os primeiros colaboradores da Lava Jato já haviam detalhado repasse milionário ao partido, que nega

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Beatriz Bulla
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Beatriz Bulla
Atualização:

O ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em 2014. Foto: Estadão

O novo delator da Operação Lava Jato Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, confirmou à Procuradoria-Geral da República o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB senador Sérgio Guerra (PE) - morto em 2014 - para "abafar" a CPI da Petrobrás de 2009, às vésperas do ano das eleições presidenciais em que Dilma Rousseff (PT) chegou ao Palácio do Planalto.

PUBLICIDADE

A revelação sobre o repasse milionário ao então número 1 do PSDB foi inicialmente revelada em agosto de 2014 pelo primeiro delator da Operação Lava Jato, engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. Segundo Costa, o dinheiro foi providenciado pela empreiteira Queiroz Galvão. O doleiro Alberto Youssef, que também fez delação, já havia confirmado o pagamento ao PSDB.

O partido nega ter recebido valores ilícitos. A empreiteira reiteradamente tem negado o repasse.

 Foto: Estadão

Ceará fez dezenove depoimentos à Procuradoria-Geral da República, entre 29 de junho e 2 de julho de 2015.

No trecho em que fala dos R$ 10 milhões para o PSDB, ele apontou o ex-deputado José Janene (PP/PR), morto em 2010 e apontado como mentor do esquema de propinas na Petrobrás. "José Janene falou claramente o seguinte: 'A CPI terminou em pizza'".

Publicidade

Segundo Ceará, o ex-deputado do PP era um dos cabeças do esquema de corrupção instalado na Petrobrás.

Foi Ceará quem apontou em sua delação a entrega de R$ 300 mil ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) por um executivo da empreiteira UTC - uma das líderes do cartel que atuou na Petrobrás entre 2004 e 2014, corrompendo e superfaturando preços em contratos bilionários, em conluio com políticos e executivos da estatal petrolífera.

"Em 2009, Alberto Youssef disse que, para 'abafar' a CPI da Petrobrás, teria que entregar R$ 10 milhões para o líder do PSDB no Congresso Nacional, além de outros valores para outros políticos", registra a Procuradoria-Geral da República. "Parte desse dinheiro deveria ser retirado do 'caixa' do Partido Progressista, formado com propina oriunda de contratos de empreiteiras com a Petrobrás."

O PSDB nacional foi procurado e não respondeu aos questionamentos. Em outra ocasião, divulgou nota defendendo que o caso seja investigado. "O PSDB defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupam."

Publicidade

A Petrobrás informou por meio de nota que não iria se manifestar "uma vez que o assunto está sendo investigado pelas autoridades competentes."

LEIA A ÍNTEGRA DO TERMO DE DELAÇÃO 11 DE CARLOS ALEXANDRE ROCHA

 
 
 
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.