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'Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada', diz Lula a Dilma; ouça

Grampo da Polícia Federal pegou diálogo tenso da presidente com seu antecessor no dia do estouro da Operação Aletheia, 4 de março

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Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e enviado especial a Curitiba
Atualização:

 Foto: Carlos Humberto/SCO/STF

No dia em que o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente pela Operação Aletheia para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas, a presidente Dilma Rousseff telefonou para seu antecessor - Lula já estava na sede do PT, onde declarou à imprensa que 'a jararaca está viva'. Lula foi pego em um grampo, com autorização do juiz federal Sérgio Moro. Dilma não é alvo da investigação, mas caiu na interceptação ao ligar do Palácio do Planalto para seu antecessor.

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Na conversa com Dilma, o ex-presidente atacou os investigadores, o juiz federal Sérgio Moro, os tribunais superiores e a imprensa. Ele comenta, indignado, o fato de ter sido ouvido por quase três horas pela Polícia Federal sobre as atividades do Instituto Lula e de sua empresa, a LILS Palestras e Eventos "Se os canalhas tivessem mandado um ofício teria ido prestar depoimento. Eu já fui três vezes a Brasília prestar depoimento. Eu acho que o Moro quis fazer um espetáculo antes daquele negócio que tá pra decidir que tá no Supremo pra decidir, mas ele precisava fazer o espetáculo de pirotecnia."

https://soundcloud.com/julia-affonso-2/audio-entre-lula-e-dilma-rousseff

https://soundcloud.com/julia-affonso-2/133-audio3

Lula reclama que a Polícia Federal fez buscas na residência de seus filhos e de quadros antigos do PT - Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e Clara Ant, sua assessora.

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Dilma pergunta a Lula se ele não achou 'estranho' a publicação da Revista IstoÉ, na quinta-feira, 3, um dia antes da Aletheia, antecipando a delação do senador Delcídio Amaral, ex-líder do Governo. "O sr não achou estranho?", perguntou a presidente.

"É um um espetáculo de pirotecnia sem precedentes, querida. É o seguinte: eles estão convencidos de que com a imprensa chefiando o processo investigatório eles conseguem refundar a República. Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos o PT e o PC do B começaram a acordar, um presidente da Câmara fudido, um presidente do Senado fudido, não sei quantos parlamentares ameaçados e fica todo mundo no compasso achando que vai acontecer um milagre."

Lula ataca a força-tarefa da Operação Lava Jato. "Eu estou, sinceramente, estou assustado é com a república de Curitiba porque a partir de um juiz de primeira instância tudo pode acontecer nesse País, tudo pode acontecer."

Depois, o ex-presidente revela a Dilma sua estratégia. "Eu tô dizendo aqui pro PT que não tem mais trégua, que não tem que ficar acreditando na luta jurídica, ou seja, nós temos que aproveitar a nossa militância e ir prá rua. Eu vou antecipar minha campanha prá 2018, vou acertar de viajar esse país a partir da semana que vem e quero ver o que vai acontecer. Lamentavelmente vai ser isso. Eu não vou ficar em casa parado."

O ex-presidente relatou a Dilma que a PF fez buscas também na residência de seus filhos e que os investigadores o questionaram sobre temas que já teria abordado em outras audiências. "As perguntas são as mesmas que já respondi a dois delegados da Polícia Federal. Dos meus filhos eles levaram os mesmos documentos. Foram na casa da Clara Ant, dormindo sozinha quando entrou cinco homem gigantes. Ela pensou que era um presente de Deus e era a Polícia Federal."

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(Dilma cai na gargalhada)

"Então é isso ô Dilma, eu acho que foi um espetáculo de pirotecnia. A tese deles é de que tudo que está acontecendo foi uma quadrilha montadqa em 2003 (ano de seu primeiro mandato) e, portanto, ela perdura até hoje, sabe, e dentro do Palácio, até de dentro do Palácio. Então, eles não precisam de explicação com a teoria do domínio do fato não precisa de explicação. Eles colocam em prática."

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