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'Ninguém aqui me dá lição', diz Gilmar Mendes em julgamento de Palocci

Em seu voto, pelo habeas a Antonio Palocci, Gilmar criticou o “abuso da prisão provisória” e apontou que “vertentes que pretendem restringir o habeas corpus, limitar o habeas corpus estão, obviamente, fazendo rima com o AI-5”

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Foto do author Amanda Pupo
Por Rafael Moraes Moura , Amanda Pupo (Broadcast) e Teo Cury/BRASÍLIA
Atualização:

Gilmar Mendes. Foto: AFP PHOTO / EVARISTO SA

BRASÍLIA - A discussão sobre a concessão de habeas corpus e a duração das prisões preventivas voltou a opor os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso na sessão plenária desta quinta-feira (12) em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decide se aceita ou não o pedido de liberdade do ex-ministro Antonio Palocci.

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Em seu voto, Gilmar criticou o "abuso da prisão provisória" e apontou que "vertentes que pretendem restringir o habeas corpus, limitar o habeas corpus estão, obviamente, fazendo rima com o AI-5". Para Gilmar, restringir e limitar habeas corpus é navegar contra a cultura do "constitucionalismo".

Após a leitura do voto de Gilmar, Barroso pediu o uso da palavra para esclarecer que defende a restrição das competências do STF em matéria de habeas corpus.

"Considero não ser papel do STF, porque não é papel de nenhuma Corte do mundo, julgar 10 mil habeas corpus por ano. Sem um filtro constitucional para o acesso ao habeas corpus na Suprema Corte, a Suprema Corte via ficar inviabilizada de prestar jurisdição adequada em matéria de habeas corpus", disse Barroso, que antagoniza com Gilmar em julgamentos na Suprema Corte.

"Quanto à cultura constitucional brasileira, essa representada pela velha ordem do patrimonialismo, apropriação privada do espaço público, desvio de recursos públicos de elites extrativistas, sou verdadeiramente contra essa velha ordem", prosseguiu Barroso.

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Na avaliação de Barroso, a cultura de procrastinação e impunidade "vai adiando o futuro do Brasil, porque as elites extrativistas são protegidas em todos os níveis de poder".

RESPOSTA. Gilmar Mendes então fez uma nova intervenção no julgamento e disse que não "se pode usar prisão provisória para obter delação premiada". "Isso é tortura em qualquer lugar do mundo", comentou Gilmar.

"Todos nós comungamos da necessidade de combate da corrupção, mas deve ser feita seguindo o devido processo legal. Tem de fazer na forma da lei. Ninguém me dá lição nessa área", completou Gilmar. ()

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