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'Não é verdade', diz Berzoini sobre delação que lhe atribui cobrança de propinas

Ex-presidente do PT teria exigido 1% sobre o valor de todos os contratos da Andrade Gutierrez com o governo federal, segundo executivo da empreiteira

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Por Carla Araujo e Valmar Hupsel Filho
Atualização:

 

 

Ricardo Berzoini. Foto: Ed Ferreira/Estadão

O ex-ministro e ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que 'não corresponde à verdade' as afirmações que o executivo Flávio Gomes Machado Filho, um dos delatores da Lava Jato, fez nesta segunda-feira, 26, ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato.

 

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Em quase 30 minutos de depoimento, Flávio Machado - ex-diretor da Andrade Gutierrez - disse que Berzoini fazia 'cobranças incisivas' de propina no valor de 1% de todos os contratos que a empreiteira tinha com o governo federal.

A imposição de Berzoini, segundo o delator contou a Moro em audiência nesta segunda-feira, 25,ocorreu durante reunião que teria ocorrido em 2008, na qual também estavam o tesoureiro do PT à época, Paulo Ferreira, seu sucessor João Vaccari Neto e o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.

 

Diante de Sérgio Moro, o ex-executivo da Andrade Gutierrez confirmou os termos da delação premiada que fez na Procuradoria-Geral da República.

 

Berzoini presidiu o PT em duas ocasiões, entre 2005 e 2006 e de 2007 a 2010.

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"De uma forma incisiva e um pouco além do tom (foram feitos pedidos) pelo presidente (do PT, Ricardo) Berzoini para o presidente Otávio", disse Machado no depoimento. "Veladamente deu para entender que poderia haver algum tipo de situação desconfortável para nós", afirmou. Segundo ele, o clima da vconversa foi "bastante desagradável".

 

Flávio Machado afirmou ainda que a Andrade Gutierrez ofetuou pagamentos referentes aos contratos para obras na Venezuela, financiadas pelo BNDES. Segundo o empreiteiro, a popina foi paga ao PT via doações legais.

 

Nesta terça, 26, Berzoini reagiu enfaticamente. "Não comento o conteúdo da delação. Só posso dizer que trata-se de um assunto que é mais um vazamento seletivo de matéria que deveria estar sob sigilo e que não corresponde à verdade", disse Berzoini.

 

Ao ser informado que o empreiteiro fez as afirmações durante uma audiência tornada pública pela Justiça Federal, o ex-ministro rebateu. "Audiência em que citam nomes de terceiros antes do contráditório do citado. Lamentável", disse. Ele ressaltou que aguarda a orientação de seus advogados.

 

Os relatos de delatores da Andrade Gutierrez sobre a suposta cobrança de propina que teria sido feita por Berzoini motivaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir a inclusão, em maio deste ano, do ex-ministro no chamado inquérito-mãe da Operação Lava Jato, no qual são investigados crimes de formação de quadrilha. O pedido está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal.

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