Em Curitiba, terra da Operação Lava Jato, 200 mil pessoas foram às ruas na manifestação do 13 de março pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com público recorde, os protestos de ontem na capital paranaense foram um ato de apoio ao juiz federal Sérgio Moro - que mandou o ex-presidente Lula ser conduzido coercitivamente para depor - e das investigações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
A Polícia Militar do Paraná esperava 100 mil pessoas no ato e reforçou a segurança na Praça Santos Andrade, desde as 9h - a manifestação estava marcara para as 14h. No ano passado, no mês de março, 80 mil pessoas ser reuniram no local para o mesmo protesto. Não houve confrontos.
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Neste ano, atos pró Moro e em exaltação à Lava Jato dominaram o protesto. Um exército de 10 mil "sérgios moros" tomou a manifestação aos gritos de "Somos todos Sérgio Moro". Apoiadores das investigações da Lava Jato distribuíram 10 mil máscaras com o rosto do magistrado.
As faixas, cartazes, e manifestações de apoio, em Curitiba e por todo o Brasil, levaram o juiz Sérgio Moro a divulgar nota no meio da tarde. Em rara manifestação pública, o magistrado afirmou considerar "importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas".
Segundo Moro, autoridades eleitas e partidos devem "igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne".
"Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário", afirmou Moro.
Os manifestantes também levaram faixas com frases como "Viva a Lava Jato", confeccionadas por grupos locais, para exaltar os investigadores da PF e da Procuradoria. As investigações da Lava Jato tiveram início em Curitiba, que é onde estão concentrados os processos e inquéritos de alvos sem foro privilegiado.
Na capital paranaense estão presos o presidente da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht, o ex-ministro José Dirceu, que foi o número dois na República, e o marqueteiro do PT João Santana.
Investigadores da Lava Jato, em reservado, avaliaram as manifestações em Curitiba e no resto do País um incentivo ao trabalho desenvolvido. Na última semana, a força-tarefa foi publicamente criticada por advogados e entidades por causa da Operação Alteheia - 24ª fase -, que levou coercitivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor, no dia 4, em São Paulo.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO JUIZ FEDERAL SÉRGIO MORO
"Neste dia 13, o Povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado. Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário.
Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como País.
13/03/2016
Sergio Fernando Moro"