Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
A comerciante Eidilaira Soares Gomes, mulher do ex-deputado federal do PT André Vargas, disse à Polícia Federal que os recursos usados para a compra da residência do casal, no condomínio Alphaville, município de Londrina, Paraná, "são provenientes de economia familiar". O imóvel, segundo ela, está avaliado em R$ 1,3 milhão.
André Vargas foi preso sexta feira, 10, pela Operação 'A Origem', 11.ª fase da Lava Jato. A PF atribui a ele corrupçao e lavagem de diinheiro. Além de Vargas 'A Origem' capturou outros dois ex-deputados, Luiz Agôlo (SD/BA) e Pedro Corrêa (PP/PE) - eles são os primeiros políticos presos desde que a Lava Jato foi desencadeada, em março de 2014.
Eidilaira Gomes afirmou que foram pagos R$ 500 mil à vista, mais "diversas parcelas no valor mensal ajustável que variavam de R$ 3 mil a R$ 4 mil pelo período de uns três anos aproximadamente". O imóvel possui cerca de 600 metros quadrados de área.
O sinal de R$ 500 mil foi pago diretamente por Vargas à imobiliária, disse a mulher. Ela afirmou que "desconhece" o fato de esse valor ter sido pago em espécie.
Segundo Eidilaira, os valores mensais foram quitados "com o salário do André como deputado federal".
"Hoje André não está trabalhando, portanto sem renda", acrescentou, referindo-se ao fato de o marido ter sido cassado em novembro de 2014.
Análise da evolução patrimonial de Vargas e da mulher haviam apontado para a Lava Jato a incompatibilidade no negócio. A Receita concluiu que o imóvel foi vendido mesmo por R$ 980 mil e este foi o preço pago.
Segundo o Fisco, não há correspondência dos valores de débito nas contas de André Vargas com os pagamentos feitos pelo imóvel, "o que é indicativo de que eles não transitaram em suas contas correntes".
"A apresentação de declaração à Receita Federal de aquisição de patrimônio por valor muito inferior ao real configura indício veemente de crime de sonegação fiscal", destacou o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, em sua decisão de prisão de Vargas e da condução coercitiva para depor de sua mulher, sexta-feira.
"Os indícios são agravados pela constatação de que os recursos utilizados para pagamento do preço não circularam nas contas de André Vargas e de sua esposa (Eidilaira Soares), e igualmente pelas provas acima citadas no envolvimento de André Vargas em crimes de corrupção."