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Moro vai interrogar de novo delatores da Schahin

Em dezembro, engenheiros Edison Coutinho e José Antonio Schwarz ficaram em silêncio durante audiência; após colaboração premiada ser homologada, eles serão ouvidos em ação penal sobre propina nas obras do Centro de Pesquisas da Petrobrás

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Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Sérgio Moro. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O juiz federal Sérgio Moro autorizou que os novos delatores da empreiteira Schahin na Operação Lava Jato, os engenheiros Edison Coutinho e José Antonio Schwarz, seja reinterrogados. Os depoimentos na ação penal que trata de propina nas obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio, foram marcados para quinta-feira, 9.

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MORO AUTORIZA

Em 15 de dezembro do ano passado, Coutinho e Schwarz silenciaram durante audiência perante Moro. Quase dois meses depois, em 8 de fevereiro de 2017, a delação premiada dos engenheiros foi homologada.

Ao autorizar os novos depoimentos, Moro afirmou que 'apesar do encerramento da instrução, justifica-se novo interrogatório dos acusados diante do fato superveniente'.

"Ficam as defesas de Edison Freire Coutinho e José Antônio Marsílio Schwarz encarregadas de comunicar e apresentar seus clientes. Caso algum outro acusado deseje ser reinterrogado, poderá fazer-se presente, para tanto, na mesma data", determinou o juiz da Lava Jato.

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A construção do moderno centro é alvo de uma ação penal na Lava Jato. Executivos da estatal e das empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Schahin, Construbase e Construcap foram acusados formalmente por corrupção e lavagem de dinheiro na reforma. O negócio assinado em 2008 saltou de R$ 850 milhões para R$ 1 bilhão, depois de sucessivos aditivos.

Em um trecho de sua delação, Coutinho declarou à Lava Jato que Paulo Remy Gillet Neto, sócio da WTorre, pediu R$ 18 milhões para deixar a concorrência das obras do Cenpes.

Segundo o delator, durante uma reunião Remy lhe disse que 'era sócio da W.Torre e que a empresa poderia informar à Petrobrás que não teria condições de realizar a obra, desde que, em contrapartida, o consórcio pagasse R$ 18 milhões'.

Coutinho declarou que a oferta inicial foi de R$ 8 milhões, mas 'ao longo de mais de 4 horas de reunião' chegou a R$ 16 milhões.

"Como Paulo Remy Gillet Neto insistia no valor de R$ 18 milhões, o colaborador disse que o consórcio aceitaria, desde que a W.Torre, em contrapartida, desistisse também de concorrer no certame do CIPD, apresentando uma proposta de cobertura, o que de fato se concretizou posteriormente", disse. "Agenor Franklin Magalhães Medeiros, como líder do consórcio, encarregou-se das providências do quanto havia sido acordado."

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Em seu depoimento, Schwarz relatou ter pago R$ 200 mil em propina, em 2010, à campanha do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira. Naquele ano, o petista concorria ao cargo de deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Schwarz entregou à Lava Jato os recibos da propina.

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Ferreira foi preso em 2016 na Operação Abismo, 31.ª fase da Lava Jato que investiga propinas em obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobrás (Cenpes). No dia 2 de fevereiro passado, por fiança de R$ 200 mil, o ex-tesoureiro foi colocado em liberdade.

Em depoimento no dia 31 de janeiro, o delator declarou que Paulo Ferreira procurou a Schahin em março de 2010 'pedindo contribuição paralela para sua campanha'.

Pelos contratos de delação, os engenheiros deverão pagar multa de R$ 500 mil 'a ser adimplida em 4 parcelas de, no mínimo, R$ 125 mil, vencendo a primeira em 30 dias da homologação do presente acordo e as demais subsequentemente'.

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