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Moro já vê 'indícios' de lavagem de dinheiro por Palocci

Ao autorizar mais 15 dias para a PF concluir investigação sobre empresa de consultoria do ex-ministro dos governos Lula e Dilma, juiz da Lava Jato destaca importância de 'melhor análise' de documentação apreendida na Omertà

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Por Mateus Coutinho , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:
 

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Em despacho desta segunda-feira, 10, dia que venceu o prazo inicial do inquérito, o juiz da Lava Jato apontou que já existem provas de crimes e indícios de que Palocci teria envolvimento.

"Apesar das provas já referidas na decisão em questão, apontando provas de materialidade de crimes e indícios de autoria em relação ao investigado, afigura-se salutar conceder mais tempo à Polícia Federal para melhor análise do material apreendido", assinalou Moro ao entender que o grande volume de documentos apreendidos pela PF na Operação Omertà, deflagrada em 26 de setembro, demanda mais tempo para ser analisado.

Palocci também é alvo de investigações em pelo menos outras três frentes da Lava Jato, sendo dois inquéritos em Curitiba e um no Supremo Tribunal Federal, que apura o envolvimento dele e de outras dezenas de políticos por suspeita de formação de quadrilha no esquema de corrupção na Petrobrás.

Um dos ministros mais poderosos dos governos petistas, ao lado de José Dirceu - preso desde agosto de 2015 e já condenado na Lava Jato - Palocci foi preso temporariamente na Operação Omertà, sob suspeita de ser o elo da Odebrecht com o PT, tendo atuado supostamente para favorecer a empreiteira em diversas situações em troca de dinheiro para ele para o partido - o que é rechaçado pela defesa do petista.

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A suspeita é que a Odebrecht teria repassado ao ex-ministro e ao PT R$128 milhões e, por isso, o juiz da Lava Jato determinou o bloqueio de bens de todos os investigados neste valor.

O sequestro alcançou a Projeto, que teve R$ 30 milhões congelados. Na semana passada, a defesa do ex-ministro pediu a liberação de R$ 79,3 mil das contas da empresa, referentes ao pagamento de despesas como impostos, salários e vale transporte para os funcionários.

Palocci foi ministro da Fazenda entre 1 de janeiro de 2003 a 27 de março de 2006 durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assumiu o mandato de deputado federal em 1.º de fevereiro de 2007, licenciando-se, a partir de 1 de janeiro de 2011, para ser ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma. Ficou no cargo até 7 de junho de 2011.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, DEFENSOR DO EX-MINISTRO ANTONIO PALOCCI:

O criminalista José Roberto Batochio, que defende Palocci, afirma que o ex-ministro nunca recebeu valores ilícitos. Segundo Batochio, as suspeitas contra o petista não passam de suposições dos investigadores sem lastro em provas.

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Ao analisar o despacho de Moro prorrogando o inquérito por mais 15 dias, Batochio disse que considera 'um equívoco' a interpretação de que o juiz federal aponta, em seu despacho, 'existência de provas da materialidade e indícios de autoria'.

"Não entendo que ele (Moro) tenha declarado isso, seria um prejulgamento. Acho que essa interpretação está equivocada. O que o juiz quer dizer é que prorrogou o prazo do inquérito porque a polícia está investigando prova da materialidade e indícios de autoria. O que ele quer dizer é que o inquérito está dentro dos parâmetros normais. Isso não significa nenhuma antecipação de conclusão, nem seria o caso de o juiz fazer isso. Um despacho de rotina."

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