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Moro coloca sucessor de Barusco no banco dos réus

Ministério Público Federal acusa ex-gerente executivo da estatal Roberto Gonçalves e quatro executivos de empreiteiras de crimes de corrupção de mais de R$ 56 milhões e de lavagem de dinheiro de mais de R$ 68 milhões no interesse das empreiteiras UTC e Odebrecht

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Por Julia Affonso , Fausto Macedo , Ricardo Brandt e Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Marcos de Paul/Estadão

O juiz federal Sérgio Moro aceitou mais uma denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato. O magistrado colocou no banco dos réus o ex-gerente executivo de engenharia da Petrobrás Roberto Gonçalves, os executivos ligados à Odebrecht Márcio Faria da Silva, Olívio Rodrigues Junior e Rogério Araújo e o executivo ligado à UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana.

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Documento

A DECISÃO DE MORO

Entre os fatos denunciados, estão crimes de corrupção praticados para garantir a celebração de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobrás para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

O advogado e operador financeiro Rodrigo Tacla Duran também havia sido denunciado. Tacla Duran 'está no exterior submetido a medida cautelar de restrição de liberdade e responde a processo de extradição'.

Segundo Moro, 'não é apropriado reunir na mesma ação penal pessoas que se encontram em situação processual díspares, sendo necessário imprimir urgência à ação penal contra o acusado preso no Brasil, o que não será possível com outro acusado no exterior'.

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"Essa parte da denúncia não será recebida e deverá o Ministério Público Federal, querendo, promover ação penal em separado a respeito desses fatos, não sendo apropriado inclui-la na presente", afirmou o magistrado.

A denúncia aponta que o contrato que visava à implantação do Pipe Rack envolveu oferecimento e pagamento de vantagens indevidas de mais de R$ 18 milhões. No segundo contrato, celebrado para a construção das unidades de produção de utilidades, identificou-se oferecimento e pagamento de propina superior a R$ 38 milhões.

As investigações apontaram que Gonçalves, sucessor de Pedro Barusco na gerência executiva de Engenharia da Petrobrás, recebeu propina das empreiteiras Odebrecht e UTC para beneficiá-las nos contratos do Comperj, mesmo depois dos executivos já terem sido condenados, no âmbito da operação Lava Jato, pela corrupção dos funcionários públicos Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Pedro Barusco.

A Procuradoria da República, no Paraná, afirma que a atuação de Roberto Gonçalves foi decisiva para que a Petrobrás dispensasse a realização de licitação e efetuasse a contratação direta dos consórcios Pipe Rack e TUC, para a execução de contratos no montante de R$ 1.869.624.800,00 e R$ 3.824.500.000,00, respectivamente. Em contrapartida à atuação ilícita, Gonçalves recebeu, das empreiteiras, propinas superiores a R$ 12 milhões.

Para garantir que o então gerente executivo atendesse ao esquema, afirma a Lava Jato, a Odebrecht pagou propina antes da celebração do contrato do consórcio Pipe Rack com a Petrobrás, ocorrida em 2 de setembro de 2011. O adiantamento do pagamento de parte das propinas prometidas foi comprovado por meio de documentos recebidos das autoridades suíças pelo Ministério Público Federal, em procedimento de cooperação internacional.

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Roberto Gonçalves, que recebeu recursos de executivos da UTC e da Odebrecht no Brasil e no exterior entre os anos de 2011 e 2014, também foi denunciado pelo crime de organização criminosa. Os demais integrantes do esquema já foram acusados e condenados por essa prática.

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A força-tarefa aponta que os executivos da Odebrecht Rogério Araújo, Márcio Faria e Olivio Rodrigues depositaram, entre 29 de junho de 2011 e 13 de junho de 2012, US$ 2.947.365,54 em conta no exterior em nome da offshore Fairbridge Finance S.A., cujo beneficiário era Gonçalves. Ainda de acordo com documentos juntados na acusação, o ex-gerente da Petrobras recebeu US$ 1,2 milhão dos executivos da UTC Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro no período de 18 de abril de 2013 a 12 de março de 2014, valendo-se dos serviços do operador financeiro Mário Goes.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO JAMES WALKER, QUE DEFENDE ROBERTO GONÇALVES

O advogado James Walker, que defende Roberto Gonçalves, afirmou que a decisão 'já era esperada'. "Estamos esperando o prazo se iniciar para, a partir da notificação do cliente da minha, apresentarmos a defesa."

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