Por Ricardo Brandt, Julia Affonso e Mateus Coutinho
A Justiça Federal, em Curitiba, levantou o sigilo nesta sexta-feira, 11, de pelo menos onze depoimentos da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, assinada com a Procuradoria-Geral da República. Nos termos, o empreiteiro confessou repasses de propina do esquema de corrupção que operou na Petrobrás entre 2004 e 2014 para o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (governo Lula) e para o PT, via ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, por meio de "doações declaradas e não-declaradas".
O conteúdo desses termos ainda não foi anexado aos autos, mas eles estão descritos pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, nas decisões de levantamento de sigilo.
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Neles, Pessoa trata ainda das propinas para os ex-deputados Luiz Argolo (ex-PP e afastado do Solidariedade/BA) e Aline Corrêa (PP/SP), com recursos da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. O empreiteiro fala, ainda, sobre as operações de propina envolvendo a Diretoria de Serviços - cota do PT no esquema alvo da Lava Jato - com os lobistas Adir Assad e Mário Góes.
Em dois dos depoimentos de delação que serão tornados públicos, o dono da UTC aponta ainda a formação e a atuação do cartel de empreiteiras que fatiava obras da Petrobrás, pagando propinas sobre valores pagos em consórcios formados nas obras do Comperj, no Rio, e na Refinaria Repar, no Paraná.
Um deles, envolvendo a Odebrecht, que nega envolvimento no esquema da estatal petrolífera.
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