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"Me estranhou uma figura dessa no meu escritório", disse Yunes sobre Funaro

Em depoimento à PGR, advogado disse que não conhecia corretor até entrega de pacote em seu escritório

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

José Yunes. FOTO: FELIPE RAU/ESTADÃO  

O amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, José Yunes, disse à Procuradoria-Geral da República que o corretor Lúcio Funaro era uma figura "estranhável". O vídeo do depoimento voluntário de Yunes à PGR, colhido em fevereiro, consta no material encaminhado à Câmara dos Deputados junto com a denúncia contra Temer. "A presença desse rapaz no escritório foi altamente estranhável", afirmou Yunes à PGR.

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Ele disse ter sido "surpreendido" pela revelação do executivo Cláudio Melo, da Odebrecht. O executivo afirmou em delação que parte de um pagamento da empreiteira, acertado em jantar na presença de Temer, foi entregue em dinheiro vivo no escritório de Yunes em São Paulo em 2014.

O advogado e amigo de Temer disse aos procuradores em fevereiro que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) pediu que ele recebesse uma encomenda. Quem entregou o "pacote", disse Yunes, foi Funaro.

Segundo Yunes, Funaro foi deixar a encomenda em seu escritório. Quem recebeu o pacote teria conversado com a sua secretária, segundo o advogado. Yunes disse que não sabia o que havia no pacote.

"O pacote em si eu receberia com a mesma tranquilidade. O que me deixou um pouco atemorizado foi depois que eu passei a saber quem é essa figura, do Lucio Funaro, que é uma pessoa que jamais eu poderia ter qualquer convívio (...) Me estranhou uma figura dessa no escritório, me estranhou muito", disse Yunes.

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Em delação premiada, Funaro por sua vez disse ter ido retirar R$ 1 milhão no escritório de Yunes - segundo o corretor, o dinheiro foi pago pela Odebrecht.

No depoimento à PGR, Yunes disse que considerou "até deselegante" perguntar o que havia dentro do envelope entregue. O advogado disse só ter conhecido Funaro naquele dia e estranhado a figura do corretor. "Ele saiu, eu confesso a vocês que fui no 'google' e supreendentemente é uma pessoa que me chocou o currículo dele (...). Eu estranhei a figura dele, né? Um sujeito falando demais, uma verborragia, um linguajar totalmente estranho (...) Fiquei impressionado com essa figura", disse Yunes.

O advogado, que pediu a Temer para ser exonerado do governo após a vinda à público da delação de Cláudio Melo, em dezembro de 2015, disse que não conversou com Padilha sobre o caso. "Eu não quis mais me envolver", disse Yunes. "Não estava fazendo bem nem para mim, nem para ele e nem para o governo", disse Yunes à PGR sobre o pedido de exoneração do cargo.

O advogado disse ainda que não confirmou com Padilha se o documento recebido em seu escritório foi entregue. "No dia que eu entreguei a carta (de demissão) ao presidente (Temer), o presidente me convidou para almoçar e o Padilha chegou e almoçou. Eu estava esperando que ele (Padilha) tocasse (no assunto)...porque no fim a vítima fui eu. Ele ficou impassível, eu também fiquei. Mas eu esperava, sinceramente foi uma frustração pra mim. Saí de lá decepcionado e aí me convenci mais ainda do meu acerto de me desvincular de tudo isso", disse Yunes.

 

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