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"Não tenho a mais vaga ideia", diz Matarazzo sobre propina da Alstom

Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, tucano negou envolvimento em suposto pagamento de propinas e ainda rechaçou a hipótese de que cabe a teoria do domínio do fato em seu caso

Por Mateus Coutinho
Atualização:

por Fernando Gallo e Fausto Macedo

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O vereador Andrea Matarazzo (PSDB) afirmou nesta terça-feira, 18,não ter "a mais vaga ideia" do suposto pagamento de propina pela Alstom a diretores de estatais de energia de São Paulo. Ele também rechaçou a hipótese de que em seu caso se encaixe a teoria do domínio do fato, por ter sido secretário de Energia na época em que o esquema da Alstom teria atuado.

Por decisão da Justiça Federal tomada nesta terça, o tucano, que chefiou a pasta da Energia em 1998, será investigado em novo inquérito policial que vai apurar seu suposto envolvimento com o caso.

Matarazzo não foi denunciado pelo Ministério Público Federal no final de janeiro, mas os procuradores Rodrigo de Grandis e Andrey Borges de Mendonça pediram à Justiça que o vereador fosse investigado em um inquérito a parte.

O juiz Marcelo Costenaro Cavali entendeu haver indícios suficientes para que ele continuasse a ser investigado. Segundo Cavali, os dois diretores da extinta estatal Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) que agora são réus em processo criminal eram hierarquicamente subordinados a Matarazzo. Além disso ainda não chegaram ao Brasil todos os documentos da Suíça sobre o caso.

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Também nesta terça, a Justiça Federal aceitou denuncia do MPF e abriu processo contra 11 acusados de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo propina da Alstom a diretores de estatais paulistas. Entre os 11 estão os ex-presidente da EPTE José Sidnei Martini Colombo e o ex-diretor Celso Sebastião Cerchiari. Eles são acusados de recebimento de propina para autorizar um aditivo a um contrato da Alstom para fornecimento de equipamentos para três subestações de energia.

"Não tenho a menor idéia do que se trata esse assunto. Meu nome não está em nenhum lugar. Posso te assegurar que não tenho a mais vaga idéia do que se trata esse assunto", afirmou Matarazzo ao sair de uma oitiva no Ministério Público paulista sobre o mesmo caso em questão, que também é investigado na esfera estadual.

O vereador reconheceu que o presidente da empresa era subordinado a ele, mas afirmou que as decisões tomadas pela diretoria da EPTE não eram de sua alçada.

"O assunto era da diretoria da empresa. Nunca passou pelo conselho de administração, do qual eu e mais 12 pessoas fazíamos parte. Isso não está em nenhuma das atas", sustentou o tucano. "Se vai para essa situação de que como secretário eu tinha que saber... é difícil. Você sabe o que se passa dentro do conselho porque está dentro do âmbito do seu trabalho. Ninguém nunca falou comigo, nem eu assinei nada e nem discuti esse assunto".

Indagado se a teoria do domínio do fato não serviria para ele, como máximo responsável pela secretaria de energia, o tucano afirmou: "Não sou advogado. No meu caso, acho meio absurdo querer que soubesse de cada duplicata das 13 empresas que tem embaixo da secretaria. Por isso você tem as alçadas, da diretoria, do conselho de administração, e decisões do secretário. As empresas (estatais) são de capital aberto, estavam no meio do processo de privatização. Portanto a decisão é da diretoria e do conselho de administração. Esse caso nunca passou pelo conselho. Domínio do fato... não sou advogado, não sei. Meu advogado é que vai ver".

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Matarazzo ainda disse que a Justiça está fazendo a parte dela e que "recolocará os fatos em seu lugar".

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