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'Marisa pediu para não contar a Lula', diz Bumlai sobre escolha de terreno para Instituto

Em depoimento ao juiz Moro nesta terça, 9, amigo do ex-presidente contou que ex-primeira dama 'não queria que ele (marido) soubesse' de negócio que acabou não se concretizando

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Por Luiz Vassallo
Atualização:
 Foto: Estadão

O pecuarista José Carlos Bumlai relatou, em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta terça-feira, 9, ter recebido um pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia para que ficasse em segredo uma eventual compra do terreno para o Instituto ligado ao ex-presidente. Amigo de Lula, o pecuarista afirmou ter negado participar da transação por 'falta de condições financeiras'.

Bumlai depôs como testemunha de acusação do ex-presidente na qual Lula ele é acusado de aceitar a compra, pela Odebrecht, de terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula - o que acabou não se concretizando.

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"Ela (Marisa) não queria que ele (Lula) soubesse. É um momento que eu fiquei meio chateado porque até hoje nunca fiz parte do Instituto Lula, não fui convidado para a inauguração, nunca contribuí nenhum real, deve ter tido algum mal estar que eu não consigo localizar".

Documentos apreendidos durante as investigações dão conta de um contrato de opção de compra do Instituto Lula em que Bumlai aparece como 'parte interessada'. No entanto, segundo o próprio Ministério Público Federal, ele não chegou a realizar a aquisição, que teria sido feita pela DAG - que depois vendeu o terreno à Odebrecht.

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O Instituto Lula nunca foi construído naquele local. Bumlai nega ter autorizado a assinatura do documento.

"Falei [à Marisa Letícia] que não [podia fazer a aquisição], que eu não tinha condição financeira, que estava ajudando meus filhos em uma recuperação judicial de uma empresa deles e que eu me afastava totalmente. Eu não tinha possibilidade financeira de fazer isso", afirmou.

Nesta denúncia, a propina - equivalente a porcentuais de 2% a 3% dos oito contratos celebrados entre a Petrobrás e a Construtora Norberto Odebrecht S/A -, totaliza R$ 75.434.399,44, segundo o Ministério Público Federal.

Este valor teria sido repassado a partidos e a políticos que davam sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o PT, o PP e o PMDB, bem como aos agentes públicos da Petrobrás envolvidos no esquema e aos responsáveis pela distribuição das vantagens ilícitas, em operações de lavagem de dinheiro que tinham como objetivo dissimular a origem criminosa do dinheiro.

Parte do valor das propinas que teriam sido pagas pela Odebrecht S/A 'foi lavada mediante a aquisição, em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do imóvel localizado na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo (SP), em setembro de 2010, que seria usado para a instalação do Instituto Lula', diz a força-tarefa da Lava Jato.

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, DEFENSOR DE LULA

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Os depoimentos colhidos hoje pelo Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba mostram que a ideia de construção de um memorial para abrigar o acervo presidencial do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva não guarda qualquer relação com os 8 contratos firmados entre a Odebrecht e a Petrobras, como diz a acusação do Ministério Público Federal.

Ao depor, o empresário José Carlos Bumlai deixou claro que Lula jamais solicitou qualquer intervenção sua objetivando a aquisição do imóvel da Rua Haberbeck Brandão 178, em São Paulo. Mais ainda, Bumlai informou que lhe foi pedido que não comentasse esse assunto com Lula. O empresário reafirmou o que já havia declarado em depoimento anterior - que o projeto em questão pretendia reproduzir espaço similar ao que já abrigava o acervo do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso.

O arquiteto Marcelo Carvalho Ferraz, outro depoente, esteve na Rua Haberbeck com a diretoria do Instituto Lula, que lhe pediu a avaliação do local - entre outros que estavam sob análise - para abrigar o Memorial da Democracia. O imóvel não preenchia as condições necessárias, tanto assim que o arquiteto reconheceu ter feito um projeto para sediar o museu em um imóvel no centro de São Paulo, que era objeto de um processo de concessão pela prefeitura, após a aprovação, pela Câmara, de um projeto de lei do então prefeito Gilberto Kassab.

Mateus Cláudio Baldassari, proprietário do imóvel da Haberbeck, disse não conhecer Lula e que o processo de compra e venda em questão não tem qualquer vinculação com a denúncia do MPF e que a transação não apresentou qualquer especificidade que pudesse lhe despertar a atenção - foi tão somente uma transação imobiliária.

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Cristiano Zanin Martins

VEJA OUTRA NOTA DA DEFESA DE LULA Nota

Os depoimentos de José Carlos Bumlai, Mateus Claudio Baldassari e Marcelo Carvalho Ferraz colhidos hoje pelo Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba deixam patente que prestei tão somente assessoria jurídica no processo de aquisição do imóvel da Rua Haberbeck Brandão, 178, Vila Clementino (SP). No contexto de minha expertise no Direito, atuei para solucionar intrincados problemas jurídicos que envolviam o citado imóvel e dificultavam sua venda.

Assessorei inicialmente Glaucos da Costamarques e, posteriormente, solucionadas as intrincadas pendências jurídicas, novamente o assessorei na revenda do referido imóvel para a DAG Construtora Ltda.

Diante da intenção desse meu cliente de revender o imóvel, houve, nesse interregno, sugestão de aquisição pelo Instituto da Cidadania, que viria a ser sucedido pelo Instituto Lula. Porém, após análise, não houve interesse na compra pelo Instituto;

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O exercício da advocacia não é crime, ao contrário do que tentam fazer crer certos membros da Operação Lava Jato.

Roberto Teixeira António Claudio Mariz de Oliveira ( Advogado de Roberto Teixeira)