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Maria Lucia, repassadora dos 'acarajés', está sob proteção na Lava Jato

Secretaria administrativa da Odebrecht, alvo da 23ª fase da operação, começou a colaborar com as investigações sobre propinas da empreiteira para o ex-marqueteiro de Dilma e Lula

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e enviado especial a Curitiba
Atualização:

 

 

A funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Guimarães Tavares passou a colaborar com a força-tarefa da Operação Lava Jato e foi colocada no Programa de Proteção a Testemunha. Sob suspeita de ser responsável por parte da distribuição da "rede de acarajés" - que seria referência a propina - da empreiteira, ela foi colocada em liberdade no dia 2 de março, após ficar nove dias presa temporariamente alvo da Operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato.

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Mesmo sem fazer acordo de delação premiada, Maria Lúcia passou a colaborar com os investigadores, depois de dar depoimentos em que afirmou que os "acarajés" que apareceram em e-mails trocados com executivos da Odebrecht se tratava dos famosos quitutes baianos.

A 23ª fase pegou o publicitário João Santana e sua mulher e sócia Monica Moura, marqueteiros das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). O casal está preso preventivamente em Curitiba, base da Lava Jato. Eles teriam recebido pelo menos US$ 7,5 milhões da Odebrecht em conta, na Suíça, da offshore Shelbill. Os investigadores suspeitam que esse dinheiro foi repassado ao marqueteiro por serviços prestados ao PT em campanhas eleitorais.

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Maria Lúcia mora em Salvador, onde trabalha na Odebrecht. Nesta sexta-feira, 11, a Lava Jato realizou nova prisão de funcionária ligada à empresa na capital baiana e realizou buscas em dois endereços. A missão é desdobramento da Acarajé.

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Segundo a representação da Polícia Federal, Maria Lúcia "era a pessoa responsável pelo controle das entregas dos 'acarajés', como os investigados chamavam os valores repassados".

Ao determinar que sua prisão temporária não fosse convertida em preventiva, no dia 2 de março, o juiz federal Sérgio Moro - dos processos em primeiro grau da Lava Jato - afirmou que "apesar da aparente gravidade dos fatos em apuração, não somente manutenção de conta no exterior, mas corrupção, lavagem de dinheiro além de possíveis fraudes em financiamento político partidário, é certo que Maria Lúcia teria uma função subordinada no suposto esquema criminoso, sendo talvez desproporcional, neste momento, a decretação da preventiva".

 

 

A secretária guarda detalhes sobre pagamentos - um total de US$ 3 milhões já identificados - feitos ao publicitário João Santana pela empreiteira. Foi com ela que a Lava Jato encontrou planilhas indicando pagamentos a "Feira", referência a João Santana, conforme aparecia ainda em mensagens de celulares de outros executivos da Odebrecht.

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