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Lula queria guardar presentes na Procuradoria da República

Em telefonema grampeado, ele sugere que outra solução seria Dilma Rousseff editar uma medida provisória para lhe dar dinheiro

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fabio Fabrini , Andreza Matais e Fausto Macedo
Atualização:
 Foto: Estadão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou inconformismo com investigações sobre a guarda dos presentes que recebeu quando ocupava o Palácio do Planalto. Em conversa com o advogado Sigmaringa Seixas, grampeada pela Polícia Federal, ele diz que vai mandar tudo para algum prédio do Ministério Público Federal (MPF), instituição que não poupou de críticas. O petista ainda manda apurar se alguma empreiteira da Lava Jato construiu a sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília.

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"Queria que você perguntasse para o Janot (Rodrigo Janot, procurador-geral da República)... Como ele aceitou um pedido de um cara de Manaus para investigar as coisas que eu ganhei, pergunta para ele: se no MP tiver um lugar, eu mando tudo para lá, para eles tomarem conta. Porque eu não tenho nenhum interesse de ficar com isso", afirmou.

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Lula disse que pretendia expor o acervo num museu, mas o projeto esbarrou numa ação do Ministério Público. Com as dificuldades de conseguir recursos para a guarda, não haveria solução. Ele reclama que os "favelados" não darão dinheiro, tampouco os sindicatos, e que os empresários estão sendo criminalizados. "A Dilma devia fazer uma medida provisória me dando dinheiro. Não vai dar", acrescentou.

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Diante disso, emendou Lula, caberia abrir espaço na própria PGR. "Devia desocupar aquela sede deles, com aquela quantidade de vidro fumê. Acho que foi até uma empresa da Lava Jato que fez aquela sede. Era até bom fazer um levantamento, para saber quais foram as empresas que fizeram aquilo lá. A gente vai provar que foi tudo do Lava Jato", propôs.

Ao ser avisado de que o vice-procurador-geral da República, Eugênio Aragão, não estava no Brasil para atende-lo, Lula criticou: "Esses caras viajam pra caralho, hein? Quanto é a diária desses caras?" Eugênio foi anunciado ministro da Justiça esta semana.

A Operação Lava Jato descobriu que a empreiteira OAS, envolvida no desvio de recursos da Petrobrás, pagou por cinco anos depósitos para guardar os objetos recebidos por Lula na Presidência. Para os investigadores, esse seria mais um indício de que o petista recebeu "vantagens indevidas" das fornecedoras da estatal.

A Procuradoria da República no Distrito Federal apura, em outra investigação, se tanto o petista quanto outros ex-presidentes cometeram irregularidades ao levar os presentes consigo.

Na conversa, Lula comenta ainda sobre a situação enfrentada por ele e seus aliados com o avanço da Lava Jato. "Você tá fodido, hein, meu advogado? Seu telefone deve estar grampeado", comentou.

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Lula se queixou de que as versões sobre seu envolvimento em irregularidades são inverídicas e de que os aliados no Congresso não têm respondido à altura. "Não é possível a gente ficar todo dia vendo a construção de uma mentira. E a reação é muito pequena."

Ele comemorou, no entanto, a repercussão de seu discurso após ser levado para depor em condução coercitiva, por ordem do juiz Sérgio Moro: "Eles tiveram de me dar 10 minutos no Jornal Nacional".

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