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Lucio Funaro era operador de propinas de Eduardo Cunha, diz força-tarefa

Pelo menos três dos oito carros de luxo da família Cunha bloqueados pelo juiz Sérgio Moro, em decreto de prisão do presidente cassado da Câmara dos Deputados, foram pago por empresas de lobista ligado ao PMDB

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Fausto Macedo , Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Eduardo Cunha, preso pela PF, acusado de corrupção pela Lava Jato / EFE/ Cadu Gomes 

 

Uma Land Rover modelo Freelander, de R$ 100 mil, um Hyundai Tucson, de R$ 80 mil, um Volkswagem Tiguan, de R$ 110 mil, veículos que integram a frota de 8 carros de luxo da família do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram comprados pelo lobista e operador de propinas Lúcio Bolonha Funaro. Os carros foram bloqueados nesta quarta-feira, 19, pelo juiz federal Sérgio Moro, que mandou prender o presidente cassado da Câmara dos Deputados, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas em processo da Operação Lava Jato.

"Lucio Bolonha Funaro era operador de propinas de Eduardo Cunha", afirmam os procuradores da força-tarefa da Lava Jato. O Ministério Público Federal suspeita que a frota de veículos de Cunha, da mulher Claudia Cruz e de uma filha - que inclui ainda dois porsches - tenha sido comprada com dinheiro de propinas desviadas da Petrobrás.

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Cunha foi preso ontem, em Brasília, preventivamente - sem prezo para acabar. O pedido integra ação penal em que o peemedebista é réu por corrupção de R$ 10 milhões em negócio da Petrobrás, de 2011, de compra dos direitos de exploração de poços de petróleo em Benin, na África. O ex-deputado teria recebido o equivalente a US$ 1,5 milhão, já identificados, dessa propina em conta secreta na Suíça.

"Rastreado documentalmente fluxo financeiro que revela que o preço inicial de aquisição, de USD 34,5 milhões, foi pago da Petrobrás para a empresa vendedora, controlada por Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, com transferência posterior de USD 10 milhões para conta secreta controlada pelo acusado intermediador João Augusto Rezende Henriques", sustenta do MPF. O intermediador é acusado de ser operador de propinas do PMDB e está preso desde agosto de 2015, em Curitiba.

Foi da conta Acona, de João Henriques, que saíram os cerca de 1.311.700,00 francos suíços (cerca de USD 1,5 milhão) rastreados para contas secretas controladas pelo então deputado federal Eduardo Cunha.

 Foto: Estadão

Funaro. Pelo menos três dos carros do senhor e senhora Cunha foram comprados em nome de uma empresa da família e no nome da filha, mas pagos pelas firmas Cingular Fomento Mercantil, Araguaia Comercializadora de Energia Elétrica e Royster SA Gestão de Patrimônio Pessoal e Serviços, que pertencem a Funaro - que já foi preso por corrupção em investimentos de fundos de pensão federal e alvo do mensalão.

"Restou claro que os automóveis da família do ex-deputado federal foram adquiridos com valores provenientes de crimes cometidos por Eduardo Cunha, que eram acautelados por Lúcio Bolonha Funaro", escreve a força-tarefa no pedido de prisão.

"Não há qualquer atividade lícita que justifique a referida transferência, pois Eduardo Cunha e Lucio Funaro nunca tiveram qualquer relação comercial lícita. Ambos, publicamente, já declaram não possuir qualquer relação comercial."

Cunha foi cassado em 12 de setembro pelo plenário da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar. Sem mandato, a ação penal aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), que continha pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República foi enviada à Moro.

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O juiz considerou a "cassação não suprimiu os riscos que ensejam a prisão, até porque o ex-deputado agiu por intermédio de terceiros, inclusive agentes que não são parlamentares".

 
 

 

 

 
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