Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

'Loirinha' girou propinas do esquema Sérgio Cabral, revelam novos delatores

Contas de Andrea Carla Barneche, funcionária do doleiro Enrico Machado, foram usadas para movimentar recursos supostamente repassados pela Odebrecht para grupo do ex-governador do Rio preso na Lava Jato

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Sérgio Cabral. Foto: Brunno Dantas /TJRJ

Na mais nova denúncia contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), a Procuradoria da República usa os depoimentos de mais dois colaboradores - Enrico Machado e Leonardo Aranha - para identificar a ligação entre a empreiteira Odebrecht e a rede de lavagem de dinheiro no exterior do grupo do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Enrico era dono de uma instituição financeira em Antigua que atuava no mercado paralelo de câmbio e tinha como cliente o doleiro Vinícius Claret, o 'Juca Bala', preso na sexta-feira, 3, no Uruguai por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio.

 Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Aranha era funcionário de Enrico. Em seus depoimentos perante o Ministério Público Federal, eles detalharam as contas abertas por 'Juca Bala' e seu sócio Claudio de Souza, o 'Tony' ou 'Peter'. Aranha revelou. "Que 'Juca' e 'Tony' abriram contas no Banco EVG em nome próprio, do qual eram os beneficiários; Que a conta de Vinícius ('Juca') se chamava Interlagos e a conta de Claudio ('Tony') se chamava Jacarepaguá", afirmou.

Segundo o delator, os dois doleiros também mantinham contas em nome de uma funcionária de Enrico Machado, chamada Andrea Carla Barneche, a 'Loirinha'.

Publicidade

De acordo com Aranha, as contas 'Grand Slam' e 'Gestiones' recebiam recursos de outras contas no EVG, 'como a conta Kleinfeld, que, hoje se sabe, era utilizada pela empreiteira Odebrecht para pagamento de propina', segue o delator.

A Kleinfeld foi identificada pela primeira vez pelo Ministério Público da Suíça em 2015 ao rastrear os pagamentos recebidos por ex-diretores da Petrobrás em contas mantidas por bancos suíços. Na ocasião, as autoridades do País europeu já apontavam que a conta tinha relação com a Odebrecht.

Naquele ano, o material foi compartilhado com os investigadores da Lava Jato no Brasil, após a empreiteira ser derrotada na Justiça Suíça ao tentar barrar o compartilhamento das provas.

Agora, os novos delatores da Lava Jato apontam que a rede internacional utilizada pelo Setor de Operações Estruturadas - nome oficial do 'Departamento da Propina' da Odebrecht - tinha entre os destinatários um dos operadores do esquema de Sérgio Cabral.

"Que o colaborador (Enrico) sabe dizer que um dos principais clientes de 'Juca' era a empreiteira Odebrecht; Que o operador da Odebrecht era pessoa de apelido 'Tuta', cujo nome não sabe dizer", declarou Enrico.

Publicidade

Segundo o delator, '60% do movimento de 'Juca' era da referida empresa'.

PUBLICIDADE

Na denúncia apresentada nesta quarta-feira, 8, a Procuradoria aponta que 'Juca Bala' teria sido o responsável por operacionalizar o recebimento de propina de US$ 3.081.460,00 da Odebrecht para Cabral, por meio do Banco BPA de Andorra em contratos de fachada firmados com uma empresa em nome de Renato Chebar, outro operador do mercado financeiro que fez delação premiada.

Na denúncia, a Procuradoria identificou que ele tinha ligação com a construtora ao rastrear as movimentações financeiras de 'Juca Bala', que era um dos operadores de propina do grupo Odebrecht.

Ao todo, foram nove transferências no exterior entre 25 de maio de 2011 e 27 de janeiro de 2014 da empresa utilizada por 'Juca Bala' para uma empresa criada por Renato Chebar que totalizaram os US$ 3 milhões.

As transferências foram justificadas por meio de contratos de fachada, assinados por Timothy Lynn, que segundo delatores recebia da Odebrecht para assinar como representante de empresas usadas pelos doleiros e operadores de propinas.

Publicidade

A reportagem entrou em contato com o escritório que defende Cabral e deixou recado, mas o advogado do peemedebista ainda não retornou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.