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Lobista do caso Delta se cala em interrogatório na Polícia Federal

Adir Assad, preso pela Operação Que País é Esse?, é acusado de movimentar R$ 36 milhões desviados de obra da Repar para pagar corrupção a Renato Duque e Pedro Barusco

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto Macedo e Julia Affonso

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O lobista Adir Assad - pivô do escândalo da construtora Delta, em 2012 - permaneceu calado durante seu interrogatório nesta terça-feira, 17, aos delegados da Polícia Federal. Assad foi um dos presos na Operação Que País é Esse?, décima fase da Lava Jato, deflagrada um dia antes, que teve como alvo central o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque.

A PF quis saber se Assad fez parte da engrenagem usada para desviar e lavar o dinheiro da propina paga por empreiteiras do cartel nas obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. A obra de R$ 2,2 bilhões teria sido alvo de desvios de pelo menos R$ 84,6 milhões, afirma a força-tarefa do Ministério Público Federal.

Denúncia criminal contra Duque, Assad e outros 25 envolvidos, oferecida à Justiça Federal na segunda-feira, esclarece o caminho do dinheiro da propina que passou pelo lobista antes de chegar ao ex-diretor de Serviços - também preso na segunda-feira - e seu ex-braço direito Pedro Barusco (que era gerente de Engenharia).

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Adir Assad (à esquerda) e Renato Duque. Foto: Rodolfo Burher/Reuters

 

Um mapa desenhado pelos procuradores da Lava Jato mostra que do total desviado das obras da Repar via Consórcio Interpar (Mendes Jr, MPE e SOG), R$ 36,4 milhões passaram por cinco empresas de fachada controladas pelo lobista (Rock Star, Power, Soterra, Legend e SM).

"Adir Assad controlava uma complexa estrutura de empresas", afirmou o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato. As empresas citadas na Lava Jato são parte da lavanderia criada pelo lobista e que foi usada no escândalo envolvendo a construtora Delta e o bicheiro Carlos Cachoeira.

O destino final do dinheiro desviado da Repar era a cota da propina para Duque e Barusco - indicados pelo PT aos cargos que ocupavam para operar uma arrecadação de 2% nos contratos da estatal.

O mapa da Lava Jato mostra que a propina ia da estrutura de lavagem criada por Adir para os dois agentes públicos de duas forma: em espécie entregues diretamente ao ex-diretor e ex-gerente da estatal, ou via contas no exterior que os dois mantinham (contas Dole Tech e Rhea), passando antes por uma conta de outro lobista, Mário Góes (Maranelle).

"Assad ou retornava os recursos em espécie permitindo que os recursos, à partir daí, fossem usados para pagar propina sem que ficasse rastro do dinheiro ou ele providenciava os pagamentos diretamente no exterior", explicou o procurador, em entrevista na segunda-feira.

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Ontem, Assad permaneceu calado ao ser questionado pela PF se ele era sócio das cinco empresas de fechada. Os delegados ouvira ainda Sônia Branco, Dário Teixeira Alves Júnior. O lobista foi questionado se havia depositado dinheiro em conta no exterior de Mário Góes para repasse a Duque e Barusco e sobre sua relação com o delator Augusto Mendonça e outros investigados. Ele permaneceu calado.

Apenas negou conhecer ou ter falado com Mendonça, da Setal Óleo e Gás (SOG), que confessou ter pago propina na Diretoria de Serviços e na de Abastecimento, via estruturas criadas por quatro operadores alvos da Lava Jato: Assad, Góes, Alberto Youssef e João Vaccari Neto - tesoureiro do PT.

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

COM A PALAVRA, A DEFESA DE ADIR ASSAD

O advogado Miguel Pereira, que defende Adir Assad, preso pela Operação 'Que País é esse?, rechaçou enfaticamente as suspeitas contra seu cliente. Pereira não admite a comparação dos investigadores que atribuem a Assad o papel de operador de propina. "Assad é um engenheiro civil de formação, sempre trabalhou em obras, efetivamente trabalha em obras", declarou Miguel Pereira.

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Assad é apontado pela PF como operador de propinas da empreiteira Delta, alvo de outro escândalo envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira, em 2012.

Miguel Pereira disse que "existem elementos para buscar a revogação dessa prisão preventiva". "A situação (de Assad) não preenche nenhum requisito para a prisão preventiva", pondera o advogado.

 

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