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Lobista da merenda cita aliados de Capez em delação premiada

Marcel Julio, personagem-chave da organização que fraudava licitações em 22 prefeituras, não afirma ter pago propina para deputado, mas indica repasses Merival dos Santos e Jeter Rodrigues, funcionários da Assembleia

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Por Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB). Foto: Hélvio Romero/Estadão

O lobista Marcel Julio, preso na Operação Alba Branca, apontado como personagem central da organização que fraudava licitações da merenda escolar, está negociando acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral de Justiça. Numa conversa inicial, antes de selar as bases da colaboração, em reunião preliminar com procuradores do Ministério Público de São Paulo, Marcel apontou para o deputado Fernando Capez (PSDB), também para um assessor e um ex-assessor do tucano e detalhou um contrato da Secretaria da Educação do governo Alckmin em que teria ocorrido pagamento de propina. O lobista citou o valor de R$ 490 mil que teria sido repartido com aliados de Capez - Merival dos Santos e Jeter Rodrigues.

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Marcel Julio entregou-se quinta feira, 30, à Polícia Civil de Bebedouro, município da região de Ribeirão Preto onde operava a cooperativa Coaf, base da quadrilha que se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras de São Paulo e que mirava em contratos da Educação do Estado. Ele estava foragido desde janeiro quando a Justiça decretou sua prisão.

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Nesta sexta feira, 1, Marcel fez um primeiro depoimento de quase quatro horas na policia de Bebedouro. O relato do lobista - filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Leonel Julio (antigo MDB, 1976), que também foi preso - foi interrompido quando ele começou a citar nomes de políticos com foro privilegiado - caso de Fernando Capez.

A Procuradoria-Geral de Justiça já esta investigando o tucano. A pedido do procurador-geral Marcio Fernando Elias Rosa, o Tribunal de Justiça do Estado quebrou o sigilo bancário e fiscal do presidente da Assembleia Legislativa.

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A Operação Alba Branca também investiga o ex-chefe de gabinete da Educação estadual Fernando Padula e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin.

Capez nega taxativamente ligação com a quadrilha da Coaf - cooperativa que era presidida pelo empresário Cassio Chebab, que tinha transito livre na Assembleia Legislativa e era muito próximo de parlamentares do PT. Capez afirma que nunca teve qualquer tipo de participação no esquema da Coaf. Ele abriu espontaneamente seu próprio sigilo. Considera uma injustiça a menção ao seu nome.

Fernando Padula também nega e envolvimento com a organização que fraudava licitações da merenda. Quando foi citado em grampos da Operação Alba Branca declarou que está à disposição do Ministério Público e da Justiça para prestar todos os esclarecimentos.

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