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Lista de 41 contas da Odebrecht, no Caribe, levará a mais beneficiários de propina

Novo delator da Lava Jato, que trabalhou em bancos, em Antígua, de onde saíram US$ 16 milhões da empreiteira para marqueteiro do PT, João Santana, deu o nome dos responsáveis pela abertura das offshores que movimentaram US$ 1,6 bilhão

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Foto do author Julia Affonso
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e Mateus Coutinho
Atualização:
 

O novo delator do departamento da propina da Odebrecht, Vinicus Veiga Borin, entregou aos investigadores da Operação Lava Jato os dados das 50 offshores usadas pela empreiteira para movimentar contas em paraíso fiscal do Caribe, de ontem saíram pelo menos US$ 16 milhões para o marqueteiro do PT João Santana - responsável pelas campanhas da presidente afastada Dilma Rousseff, 2014 e 2010, e do ex-presidente Lula, 2006.

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"Havia uma ordem de movimentação do dinheiro", afirmou Borin, em termo de delação premiada, prestado no dia 17 de junho, em Curitiba. A movimentação envolvia repasses entre contas de mais de uma pessoa ligada à empreiteira. "Inicialmente a justificativa para sempre ter esta ordem era um suposto planejamento tributário, mas depois o depoente percebeu que era para distanciar a origem do dinheiro do destinatário final."

Profissional do mercado financeiro, ele atuou no banco Antígua Overseas Bank (AOB) e no Mainl Bank, em Antígua, paraíso fiscal no Caribe, que foi comprado em parte pelos movimentadores de dinheiro da Odebrecht para cuidar de pagamentos no exterior. Dessas contas, criadas para pagamentos de fornecedores, saíram propinas para alvos da Lava Jato.

 Foto: Estadão

Segundo o delator, o funcionário Olívio Rodrigues Junior, que trabalhava no departamento da propina da Odebrecht, foi responsável pela abertura da maior parte das contas. Entre elas a Klienfeld Services Ltd, Innovation Research Engineering and Development Ltd, Trident Inter Trading Ltd, Fasttracker Gloval Trade, Intercorp Logistic, Magna International. Foram de três dessas contas (Klienfeld, Innovation e Magna) que saíram os US$ 16 milhões para o marqueteiro do PT.

O valor é quatro vezes maior do que a Lava Jato havia identificado na conta secreta Shellbill Finance, que Santana e a mulher, Mônica Moura, mantinham na Suíça. Os dois estão presos desde fevereiro, alvos da 23ª fase da Lava Jato - Operação Acarajé.

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 Foto: Estadão

Outros responsáveis pelas contas em nome de offshores da Odebrecht apontados pelo delator foram Fernando Migliaccio, já alvo da Lava Jato. Ele pediu a abertura das contas Invermark Private Equity Fund, Master Market Development Inc, Sigma Investments Fund, Nashville Financial Corp, Sherkson International SA, entre 0utras.

Migliaccio trabalhava no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, que segundo confessou a primeira delatora da empreiteira, a secretária Maria Lucia Tavares, era um departamento específico para cuidar das propinas pagas a agentes públicos e políticos. Por meio dessas contas, a força-tarefa da Lava Jato espera chegar a novos recebedores de propina.

 

O delator apontou ainda os nomes de três outros operadoras das contas da Odebrecht. Algumas dessas offshores usadas pela empreiteira eram desconhecidas da força-tarefa da Lava Jato. O empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht, que no domingo completou um ano de prisão, em Curitiba, sempre negou que a empresa fosse dona das contas que abasteceram ex-diretores da Petrobrás e operadores de propina.

Desde o início do mês, a defesa de Odebrecht negocia formalmente um acordo de delação premiada com a Lava Jato. A descoberta das contas, em 2015, e da existência de um departamento de propinas interno, neste ano, fecharam o cerco contra o empreiteiro. Além de ter contas em nome de funcionários, outras eram controladas por operadores, como a conta Strategic Engineering, que tinha como movimentador o italiano Guido Verme.

 Foto: Estadão

Borin afirmou que as 41 contas, e alguns outras criadas por indicação da Odebrecht, teriam movimentado US$ 1,6 bilhão no banco Meinl Bank, de Antígua. A lista de offshores é ainda, já que o delator diz não se recordar as contas em nome de offshores abertas a pedido de outro funcionário da Odebrecht. Há ainda outras contas abertas que era abastecidas quase que exclusivamente pelas contas da empreiteira listadas na delação.

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 Foto: Estadão

CONTAS DA ODEBRECHT, EM NOME DE OFFSHORES, EM BANCOS EM PARAÍSO FISCAL NO CARIBE, E OPERADORES LISTADOS POR DELATOR 

OLÍVIO RODRIGUES JUNIOR, funcionário da Odebrecht

1 - Fincastle Enterprises Ltd

2 - Masterton Logisticas LP

3 - Pelican Venture Capital LCC

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4 - Grangemouth Trading Company LP

5 - Ravenscraig Engennering LP

6 - Velocity Construction & Engineering LPP

7 - Whalberg Investiments Consulting LP

8 - Baili Island Trading Ltd

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9 - Provence Proporties LLC

10 - Yangtai Trading Limite

11 - Klienfeld Services Ltd

12 - Innovation Research Engineering and Development Ltd

13 - Trident Inter Trading Ltd

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14 - Fasttracker Gloval Trade

15 - Intercorp Logistic

16 - Magna International

17 - Fundo Apex Investment Fund

18 -Fundo Granite Investment Fund e

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19 - Strategic Project Planning Ltd

 

FERNANDO MIGLIACCIO, funcionário da Odebrecht

20 - Invermark Private Equity Fund

21 - Master Market Development Inc

22 - Sigma Investments Fund

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23 - Companhia Internacional Proyectos SA

24 - Engetec Consulting Services SA

25 - Nashville Financial Corp

26 - Sherkson International SA

27 - Soutern Cross Consulting & Engineering Services SA

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RODRIDO TACLA DURAN, operador

28 - Bezoya Trading Limited

29 - Bonarda Investmenst Ltd

30 - Cumberland Finance Ltd

31 - Discovey Management LLC

32 - Host Telecomunication Corp

33 - Nevada Investments Ltd

34 - Ocean City Enterprises LLC

35 - Vivosant Corp SA

36 - ZB International Ltd

37 - GVTEL Corp SL

38 - IFX Trading Corp

 

JURG ROTH, operador financeiro

39 - Carole Square Trade and Representation Ltd

40 - Dunedin Consultants Group Ltd

 

GUIDO VERME, operador financeiro

41 - Strategic Engineering

 

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