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Líder do Departamento da Propina da Odebrecht vai depor na ação contra a chapa Dilma/Temer

Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, apontado na Lava Jato como responsável pela operacionalização de repasses ilícitos a políticos, vai ser ouvido na segunda-feira, 6, como nova testemunha no processo que pede a cassação da parceria

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Fausto Macedo e Valmar Hupsel Filho
Atualização:

 

A Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral marcou para a próxima segunda-feira, 6, o depoimento do executivo Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, apontado como o líder do Departamento da Propina da empreiteira Odebrecht. Hilberto vai depor na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) aberta para investigar a chapa Dilma/Temer por suposto abuso do poder econômico nas eleições de 2014. A ação é conduzida pelo ministro-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral Herman Benjamin.

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A decisão de convocar Hilberto - um dos 77 delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato - foi tomada a partir de manifestações das defesas de Dilma e do presidente Michel Temer, que concordaram com o depoimento do executivo das propinas.

O nome de Hilberto foi citado diversas vezes pelo ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, em depoimento de cerca de quatro horas na quarta-feira, 1.

Segundo Odebrecht, quando os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci pediam recursos para a empreiteira, supostamente acertados previamente, a demanda era encaminhada para Hilberto, que dava fluxo aos pagamentos. Era ele que dava a ordem para a execução dos repasses, registrados na contabilidade paralela da empreiteira por meio de codinomes e apelidos para se referir a políticos e operadores responsáveis pelas transações que ocorriam tanto no Brasil quanto no exterior.

Além de Hilberto, outros dois ex-executivos da empreiteira Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, serão ouvidos também na segunda-feira, a partir de 17 horas, na sede do Tribunal Superior Eleitoral.

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Melo Filho é o autor da revelação sobre o jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, do qual teriam participado o então vice-presidente Temer e o atual ministro-chefe licenciado da Casa Civil Eliseu Padilha, além do empresário Marcelo Odebrecht. Segundo o executivo, neste jantar ficou definido o repasse de R$ 10 milhões para o PMDB.

Na pauta do ministro-corregedor do TSE Herman Benjamin vai ser ouvido ainda, mas na quarta-feira, 8, Luiz Eduardo da Rocha Soares, que também integrava o Setor de Operações Estruturadas, nome oficial do Departamento de Propinas da empreiteira.

Hilberto e Luiz Eduardo já são investigados em primeira instância na Lava Jato em Curitiba e apontados como responsáveis por controlar também pagamentos da empreiteira do exterior via offshores.

Abaixo de Hilberto na hierarquia do Departamento da Propina, Luiz Eduardo era responsável por receber pedidos de líderes empresariais e diretores de todos os braços da Odebrecht para operacionalização de pagamento de propina, vinculados à obtenção de obras públicas pela empreiteira, em contas no exterior.

A sistemática do Departamento da Propina foi descoberta pela Lava Jato a partir da delação da secretária do Setor de Operações Estruturadas Maria Lúcia Tavares, primeira funcionária da Odebrecht a colaborar com as investigações. Desde então a Lava Jato vem avançando sobre as irregularidades do grupo empresarial, e fechou o maior acordo de colaboração da história, envolvendo inclusive outros países como EUA e Suíça e que implica centenas de políticos no Brasil e na América Latina.

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O ministro do TSE decidiu ouvir também Beckembauer Rivelino de Alencar Braga, de uma das gráficas contratadas pela campanha Dilma/Temer, em 2014.

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