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Léo Pinheiro diz que gastos com triplex e sítio foram abatidos de conta de R$ 15 mi da OAS com PT

Empresa tinha acerto de 'propinas' com partido via ex-tesoureiro João Vaccari e gastos de reformas do apartamento do Guarujá e de sítio de Atibaia foram descontados dessa conta

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:

Fachada do Condomínio Solaris, no Guarujá. Foto: MOTTA JR./FUTURA PRESS

O custo das reformas do apartamento triplex 164-A do Edifício Solaris e a reforma no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, foram abatidos de um acerto de R$ 15 milhões da OAS com o PT. É o que afirmou o ex-presidente da empreiteira José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, que confessou ao juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, as duas obras foram benesses concedidas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que nega ser dono dos imóveis.

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"Levei esses créditos e esses débitos. Levei o que a OAS estava devendo por conta desses pagamentos de vantagens indevidas ao PT naquele momento, o que estava atrasado e que ainda ia acontecer. E os custos dos empreendimentos que estávamos fazendo, desses passíveis ocultos, e mais os custos do tríplex e do sítio", afirmou Léo Pinheiro, ouvido como réu na ação penal em que Lula também é réu por receber o imóvel e a reforma dele como propinas do escândalo Petrobrás.

Moro quis saber se "inclusive em relação a esses débitos havidos pela OAS no triplex..."

"No triplex, no sítio e nos outros empreendimentos", respondeu Léo Pinheiro. "A soma total disso, me parece, era de R$ 15 milhões."

Candidato a delator pela segunda vez, da Operação Lava Jato, Léo Pinheiro disse que o apartamento foi adquirido e reformado a pedido de Vaccari, autorizado por Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, e sua propriedade e reforma discutidas diretamente com Lula.

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Encontro de contas. Léo Pinheiro explicou sobre o encontro de contas da OAS com o PT espontaneamente.

"Pulei um detalhe que eu acho muito importante, que era o retorno que eu fiquei de dar ao João Vaccari do encontro de contas."

Segundo ele, em maio ou junho de 2014, com o custo de todos os empreendimento Bancoop aferidos "e também toda a especificação de tudo que ia ser feito, tanto no sítio como no triplex, eu procurei o João Vaccari".

"Vaccari disse: 'está tudo ok, está dentro do princípio que nós sempre adotados'. Sempre que ia haver o encontro de contas com ele, de quando em quando: 'não você paga isso a um diretório tal, paga isso a um político tal. Isso era feito e era uma coisa corriqueira. Então não vamos mudar a metodologia'."

Léo Pinheiro afirmou que Vaccari disse que como "tinha coisa aqui de cunho pessoal" no assunto, "que trata do presidente, eu vou conversar com ele sobre isso e lhe retorno". E teria pedido ainda ao empreiteiro para que ele não citasse esses fatos para a diretoria da Bancoop.

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"Passaram-se alguns dias, uma semana no máxima, ele (Vaccari) me retornou, dizendo que estava tudo ok, que poderíamos adotar o sistema de encontro de contas de créditos e débitos que tínhamos com ele."

 

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Léo Pinheiro disse que aos executivos da OAS foi orientado sobre o encontro de contas. "Quando fomos autorizados a fazer o encontro de contas, eu tive que informar a cada diretor-superintendente que não fizesse pagamentos na conta da propina do PT porque isso seria um encontro de contas feito que não era para fazer o pagamento. Não entrei em detalhes com ele, e o pagamento não foi feito."

Moro quis saber do empreiteiro por que a OAS pagava esses valores, essa conta corrente de créditos do PT com o João Vaccari, que teriam incluído as reformas dos imóveis do ex-presidente?

"A OAS pagava, primeiro, porque é uma regra de mercado. Tinha sido estabelecido que em alguns mercados àquela época existiria contribuição de 1% para o Partido dos Trabalhadores e que o gerenciamento disso seria feito pelos tesoureiros do partido", afirmou Léo Pinheiro.

"Ao longo do tempo, a gente percebe que não era só despesas do partido. Isso tinha uma amplitude muito maior, era de um projeto político e por isso mesmo que os tesoureiros designavam para que a gente fizesse os pagamentos mais diversos possíveis. Os pagamentos que a OAS fez estavam dentro de uma regra que tinha no mercado."

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Pedido. Léo Pinheiro explicou que a OAS comprou o Edifício Solaris no Guarujá, em 2009, da Bancoop - que estava em falência - a pedido do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Apesar da falta de interesse comercial no empreendimento, ainda em construção, Vaccari teria orientado a compra por envolver um imóvel de Lula. O negócio foi referendado posteriormente pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto.

Para a Lava Jato, a aquisição do empreendimento pela OAS, em 2009, da Bancoop, e a reforma do apartamento foi propina da empreiteira para o ex-presidente.

 

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