PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Léo Pinheiro disse que Vaccari propôs compra do edifício Solaris e Okamotto autorizou

Ex-presidente da OAS afirmou que em 2009 foi procurado pelo ex-tesoureiro do PT para que empresa comprasse unidades da Bancoop e lhe indicou prédio do Guarujá (SP) por ter imóvel de Lula; tríplex não poderia ser comercializado

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:

Fachada do Condomínio Solaris, no Guarujá. Foto: MOTTA JR./FUTURA PRESS

O ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, afirmou o juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Lava Jato, em Curitiba, que foi o ex-tesoureiro do PT João Vaccari que o procurou em 2009 e indicou a compra do edifício Solaris, no Guarujá (SP), da Bancoop, por ser onde o ex-presidente tinha um apartamento. "Tríplex não poderia ser comercializado."

PUBLICIDADE

"No ano de 2009 eu fui procurado pelo seu João Vacarri que tinha sido presidente do Bancoop. Ele me colocou que a situação do Bancoop de quase insolvência, eles não estavam conseguindo dar andamento em empreendimentos, alguns estavam paralisados e outros não tinham iniciado", afirmou Léo Pinheiro, réu em processo da Lava Jato com Lula.

"Ele mostrou 6 ou 7 empreendimentos que o Bancoop teria uma intenção de negociações conosco", afirmou o empresário. Dois deles no Guarujá. Léo Pinheiro disse que tinha interesse em São Paulo

"Quando ele me mostrou os dois prédios do Guarujá (SP), eu fiz uma ressalva a ele que não nos interessava atuar , nossos alvos eram grandes capitais."

Vaccari teria dito então "aqui temos uma coisa diferente".

Publicidade

"Existe um empreendimento que existe à família do presidente Lula. Diante do seu relacionamento com o presidente, de seu relacionamento com a empresa, eu acho que nós estávamos lhe convidando para participar disso por conta de toda esse relacionamento e do grau de confiança que depositamos na sua empresa e na sua pessoa", relatou Léo Pinheiro.

Okamotto. "Diante disso, eu digo: 'olha, em se tratando de uma coisa dessa monta, não vejo problema, eu vou passar isso para nossa área imobiliária, é uma empresa independente, a empresa fará os estudos, eu volto com você a gente vê se é viável e com quem podemos negociar."

O empresário disse que procurou Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, para saber do pedido.

"Quando essa conversa foi concluída procurei o Paulo Okamotto, que era pessoa do estreito relacionamento do presidente e também do meu relacionamento."

O empresário afirmou ter dito a Okamotto: "O João Vaccari me procurou, com isso, isso e isso, o que você me recomenda, o que você me orienta?".

Publicidade

Okamotto teria respondido: "Nós temos conhecimento disso e tem um significado muito grande. Primeiro a Bancoop, o sindicato tem muito ligação conosco, com o partido, e segundo porque tem um apartamento do presidente e eu acho que você é uma pessoa indicada para fazer isso pela confiança que nós temos em vocês."

Léo Pinheiro disse que se podia comprar o prédio, então voltou a falar com Vaccari.

O empresário afirmou a Moro que "o tríplex não poderia ser negociado", apenas a antiga unidade que pertencia à família Lula.

"Quem orientou isso?", quis saber Moro.

"O João Vaccari e o Okamotto."

Publicidade

COM A PALAVRA, O EX-PRESIDENTE LULA

"Léo Pinheiro no lugar de se defender em seu interrogatório, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma versão acordada com o MPF como pressuposto para aceitação de uma delação premiada que poderá tirá-lo da prisão. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o proprietário do chamado triplex do Guarujá. É a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcionários da OAS, negando ser Lula o dono do imóvel".

"A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo - não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-Presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Juízo, não mereceu nenhuma providência".

"A afirmação de que o triplex do Guarujá pertenceria a Lula é também incompatível com documentos da empresa, alguns deles assinados por Léo Pinheiro. Em 3/11/2009, houve emissão de debêntures pela OAS, dando em garantia o empreendimento Solaris, incluindo a fração ideal da unidade 164A. Outras operações financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em 2013, o próprio Léo Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que disse o depoente é incompatível com relatórios feitos por diversas empresas de auditoria e com documentos anexados ao processo de recuperação judicial da OAS, que indicam o apartamento como ativo da empresa".

"Léo Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares. Também reconheceu que o imóvel jamais foi usado pelo ex-Presidente".

Publicidade

"Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos".

Cristiano Zanin Martins

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.