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'Lembrar de trazer R$ 4.105 para pagar fatura'

Operação Tatuzão mira em gastos em espécie de Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes do governo Sérgio Cabral (PMDB) e subsecretário de Turismo de Pezão (PMDB), preso nesta terça, 14, pela Polícia Federal

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:

"A troca de mensagens entre Luiz Carlos Velloso e suas secretárias demonstra que o investigado frequentemente era alertado para 'trazer valores' para a realização de pagamentos em dinheiro", apontou o Ministério Público Federal ao pedir a prisão de Velloso e do diretor da Riotrilhos, Heitor Lopes.

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No documento, a Procuradoria separou três e-mails, de 2013, endereçados a Velloso.

Em 26 de junho daquele ano, às 19h18, ele recebe uma mensagem com a agenda do dia seguinte. "Dr. Luiz, segue sua agenda de amanhã - 27/06: lembrar 1) Trazer R$ 962,00 - para pagar DARF do IRPF. 2) Marcar com a DRª Tatiana horário de reunião com DR. Marcelo (Auditor) para 6ª feira."

A agenda de 8 de julho de 2017 foi enviada no dia 5 daquele mês. Às 19h58, Velloso é avisado. "Dr. Luiz, segue sua agenda de 2ª feira - 8/07: lembrar de trazer R$ 4.105 para pagamento da fatura Itaucard (vencimento 8 de julho), a fatura da Amil já está com a Dª Renata."

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Às 11h19, de 29 de outubro de 2013, o subsecretário das administrações Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão é alertado. "Lembrar trazer valor R$ 6.150 vencimento durante a viagem", diz a mensagem, que aponta outros valores. "DR Marcos Saldanha - 2000,00 Venc 25/10. Imposto de Renda 990,00 Venc 30/10. Estatuetas - 2480,00 05/11. Montaury Pimenta - 680,00 Venc 08/11."

Ao mandar deflagrar a Operação Tatuzão, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal destacou os gastos de Luiz Carlos Velloso.

"Vale a referência aos pagamentos vultosos de despesas familiares que são feitos em nome de sua atual companheira, que apesar de ter declarado rendimentos mensais próximos a R$ 2 mil, realiza pagamentos mensais de seu cartão de crédito que giram em torno de R$ 20 mil, e alguns pagamentos beiram os R$ 50 mil, como se vê no dossiê elaborado pela Receita Federal", apontou o magistrado.

Dinheiro. Em acordo de leniência, a executiva Luciana Salles Parente, da Carioca Engenharia, declarou ter feito pagamentos em espécie a Velloso em 2014 na sede da empreiteira, no bairro de São Cristóvão.

Quebra do sigilo telemático do e-mail do subsecretário de Pezão identificou um encontro marcado com Luciana Parente, em 1 de setembro de 2014, na agenda de Velloso.

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"Logo após o comparecimento de Luiz Carlos Velloso à sede da empresa Carioca Engenharia, verifica-se que os proventos recebidos pelo investigado no dia 2 de setembro de 2014 foram integralmente aplicados", aponta o Ministério Público Federal.

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O ex-funcionário João Henrique Tebyriça Sá, também da empreiteira, relatou em seu acordo de leniência que 'o esquema de recebimento de propina de Luiz Carlos Velloso não era restrito aos pagamentos realizados pela Carioca, sendo certo que o leniente presenciou a entrega de recursos por José Baía, funcionário da Queiroz Galvão, e Ronaldo Bittencourt, funcionário da Odebrecht, em um apartamento situado na Avenida Atlântica esquina com a Figueiredo de Magalhães (que olhando para a Figueiredo de Magalhães é o prédio azul da esquerda)'.

COM A PALAVRA, A QUEIROZ GALVÃO

"A Construtora Queiroz Galvão Brasil não comenta investigações em andamento."

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT

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"A empresa não vai se manifestar."

COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE TURISMO

"A respeito dos recentes fatos, a Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro tem a declarar que o Sr. Luiz Carlos Velloso, vem exercendo as funções de Subsecretário Executivo na Setur-RJ desde janeiro de 2015, com lealdade e competência."

COM A PALAVRA, A RIOTRILHOS:

"A RioTrilhos desconhece o teor das acusações e se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos."

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