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Lava Jato prende Adir Assad

Doleiro e operador de propinas ganhou domiciliar do STJ, mas juiz Sérgio Moro restabeleceu ordem de preventiva

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

9/3/2016 - Adir Assad fala à CPI dos Fundos de Pensão. Foto: Lúcio Bernardo Júnior/Câmara dos Deputados

A Operação Lava Jato prendeu na manhã desta sexta-feira, 19, o lobista Adir Assad, em São Paulo, em cumprimento a ordem do juiz federal Sérgio Moro. Adir Assad está a caminho de Curitiba, base da Lava Jato.

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O magistrado ordenou na quinta-feira, 18, que o lobista e doleiro fosse recolhido 'à carceragem da Polícia Federal no Rio de Janeiro ou no sistema prisional estadual do Rio de Janeiro até nova deliberação judicial'.

Na noite de quinta, o advogado Miguel Pereira Neto, que defende Adir Assad, anexou petição aos autos da Lava Jato em que informou que 'em respeito às decisões judiciais', o lobista se comprometia a se apresentar à autoridade policial.

Investigado em diversas operações contra corrupção, Adir Assad foi alvo de três mandados de prisão em pouco mais de um ano: Lava Jato, no Paraná, Operação Saqueador, no Rio, e Operação Pripyat - desdobramento da Lava Jato no estado fluminense.

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Na terça-feira, 16, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou a prisão preventiva de Assad, no âmbito da Operação Saqueador, e fixou sete medidas cautelares, entre elas, entrega de passaporte e proibição de deixar o País.

Na decisão que manda prender Adir Assad, o juiz Moro relata que a defesa do lobista informou que 'o cliente retornou à sua residência'.

"Aparentemente, a autoridade carcerária, ao cumprir o alvará de soltura decorrente do habeas corpus 366.806 proveniente do Superior Tribunal de Justiça e em relação à prisão preventiva decretada pela 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, descuidou da ordem de prisão vigente existente contra o condenado e exarada por este Juízo", afirmou Moro.

"Assim, comunique-se, com urgência, a autoridade policial local para que proceda ao cumprimento do mandado de prisão do evento 244, recolhendo Adir Assad à prisão. Por ora, poderá Adir Assad permanecer recolhido à carceragem da Polícia Federal no Rio de Janeiro ou no sistema prisional estadual do Rio de Janeiro até nova deliberação judicial."

Na Lava Jato, no Paraná, o lobista foi capturado preventivamente em 16 de março de 2015 e condenado pelos crimes de lavagem e de associação criminosa a 9 anos e dez meses de prisão. A sentença foi imposta em 21 de setembro de 2015.

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Adir Assad foi colocado em prisão domiciliar no dia 16 de dezembro do ano passado, com tornozeleira eletrônica, por determinação do Supremo Tribunal Federal.

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Em 5 de agosto de 2016, Moro restabeleceu a prisão preventiva de Adir Assad, que, segundo esta investigação, teria recebido R$ 18 milhões do Consórcio Interpar, fornecedor da Petrobrás, para repasse a executivos da Diretoria de Serviços da estatal.

Na decisão de 5 de agosto em que restabeleceu a prisão preventiva de Adir Assad, o juiz Moro o classificou como 'um profissional da lavagem de dinheiro, envolvido reiterada e sistematicamente em diversos esquemas criminosos, evidenciando risco à ordem pública'.

Em junho deste ano, a 7.ª Vara Federal Criminal do Rio decretou a prisão de Adir Assad na Operação Pripyat, que investiga corrupção e propina nas obras da Usina de Angra 3, e também na Operação Saqueador, que apura lavagem de dinheiro pela empresa Delta Construções S/A.

Adir Assad deixou a prisão domiciliar, decretada pela Lava Jato, no Paraná, e foi capturado preventivamente no Rio.

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Adir Assad era conhecido pela promoção de shows e eventos no Brasil sendo responsável por trazer a banda U2 e as cantoras Amy Winehouse e Beyonce para exibições no País. Com uma vasta rede de empresas de fachada e laranjas, porém, ele acabou ganhando destaque nas páginas policiais a partir de março de 2015 quando foi preso a primeira vez.

Em 10 de agosto, o empresário Samir Assad, irmão de Adir, foi preso e denunciado pela Operação Irmandade, desdobramento da Pripyat.

A Procuradoria da República acusa Samir por 223 crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa, por supostamente liderar, ao lado do irmão Adir, o núcleo financeiro operacional responsável por empresas de fachada que intermediavam o repasse de vantagens indevidas e geravam caixa 2 para pagamentos de propina em espécie pela construtora Andrade Gutierrez a diretores da Eletronuclear na construção da Usina de Angra III.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA MIGUEL PEREIRA NETO, QUE DEFENDE ASSAD:

"Inexistindo hoje qualquer elemento concreto novo e nenhuma ordem de prisão com encarceramento, a defesa técnica confia sejam mantidos o equilíbrio e a razoabilidade já determinadas pelos Egrégios Tribunais Superiores e, quando da reavaliação noticiada na decisão, o douto Juízo de Curitiba o mantenha em seu domicílio."

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