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Lava Jato pediu prisão de ex-tesoureiro de Dilma e do presidente do Instituto Lula

Procuradores da Operação Aletheia, fase decisiva da investigação sobre corrupção na Petrobrás, apontaram como 'imprescindível' custódia de José de Fillipi Junior e de Paulo Okamotto, mas juiz Sérgio Moro não autorizou

Por Ricardo Brandt e e Andreza Matais
Atualização:

 Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu no dia 22 de fevereiro a prisão do ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff Jose de Fillipi Junior e do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, no âmbito da Operação Alethea, deflagrada nesta sexta-feira, 4.

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"Considerando as provas angariadas nas investigações, tem-se como imprescindível a decretação das prisões temporárias de Paulo Okamotto, José de Fillipi Junior e Paulo Gordilho", pede a força-tarefa da Lava Jato.

Gordilho é alto executivo da empreiteira OAS, cujo dono, Léo Pinheiro, é próximo do ex-presidente Lula. O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos, negou o pedido. Ele autorizou apenas a condução coercitiva dos investigados. No caso de Fillipi Junior foi permitida busca no seu endereço residencial e também no Instituto Diadema de Estudos Municipais e na empresa AFC 3 Engenharia Ltda., que seriam ligadas a ele.

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"José de Filippi Junior participou até muito recentemente de graves delitos perpetrados em desfavor da Petrobrás. Além de ter sido tesoureiro do projeto de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, período no qual recebeu vantagens ilícitas desviadas da Petrobrás pela Quip S.A. e UTC, recebeu, entre 2010 e 2014, inclusive enquanto presidente do Instituto Luiz Inácio Lula da Silva (7 de janeiro de 2011 à 24 de outubro de 2011), cerca de R$ 750 mil em espécie dessa última empresa", afirmam os procuradores da Lava Jato.

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A descoberta decorre da delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, e do executivo Walmir Pinheiro, que confessaram ter feito repasses a Fillipi Junior. "Em decorrência de contrato celebrado pelo Consórcio TUC com a Petrobrás, no interesse das obras do Comperj."

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Segundo a Lava Jato, os pagamentos foram feitos por Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro ao ex-tesoureiro e ao seu emissário na sede da UTC.

"Tais entregas foram efetuadas até o dia 30 de maio de 2014, ou seja, em um período no qual a fase ostensiva da Operação Lava Jato já havia sido deflagrada e as investigações estava em pleno desenvolvimento. Tal circunstância não foi suficiente para inibir a atuação ilícita de José de Filippi Junior", afirma a Procuradoria da República.

No caso do presidente do Instituto Lula, a Lava Jato considerou o fato de seu envolvimento com o armazenamento de bens do ex-presidente até janeiro, em contêineres pagos supostamente pela OAS.

"Não pairam dúvidas sobre a atuação ilícita de Paulo Okamotto na viabilização do custeio pela OAS do armazenamento de bens pessoais de Lula junto à Granero Transportes. Okamotto foi quem viabilizou, entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016, a lavagem de R$ 1.292.210,40 do dinheiro da OAS em favor de Lula. Esse foi o montante que foi repassado pela Construtora OAS à Granero, em benefício de Lula e com o concurso de Paulo Okamoto, sob a falsa premissa de quitação de contrato de "armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativa de propriedade da Construtora OAS Ltda.".

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No dia 12 de janeiro, já no foco central da Lava Jato, Okamotto "indicou agentes para retirar os bens pessoais de Lula armazenados pela Granero".

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OAS. Outro alvo de pedido de prisão foi o executivo Paulo Gordilho, executivo da OAS. "Foi responsável por confeccionar os projetos e providenciar a contratação da Kitchens para mobiliar a cozinha do sítio de Atibaia/SP e o apartamento de Lula no Condomínio Solaris."

"Apesar do requerimento do Ministério Público Federal entendo que mais apropriado nessa fase o aprofundamento da colheita dos elementos probatórios, sem a imposição da prisão temporária. Não obstante, entendo que se justifica a condução coercitiva dos indicados para que prestem esclarecimentos nas mesmas datas das apreensões.", escreveu Moro.

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