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Lava Jato mira em mais um integrante das Forças Armadas

Adolfo de Aguiar Braid, atual gerente de projetos da Odebrecht, foi citado no acordo de leniência da Camargo Corrêa como sendo um dos executivos que participava das reuniões do cartel de empreiteiras em Angra 3

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Julia Affonso

Fábrica de submarinos nucleares da Nuclebrás. Foto: Divulgação

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O acordo de leniência da Camargo Corrêa, com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), colocou no radar das autoridades da Operação Lava Jato o nome de mais um integrante das Forças Armadas, o Capitão-de-Mar-e-Guerra da reserva remunerada Adolfo de Aguiar Braid - atual gerente de projetos da Odebrecht, ligado aos negócios da empreiteira no setor de Defesa.

Braid teve o nome citado entre os três executivos da Odebrecht relacionados à irregularidades na construção da Usina Nuclear de Angra 3. É o segundo nome de militar de alta patente envolvido nos escândalos da Lava Jato.

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De acordo com o histórico da conduta da Camargo Corrêa ao Cade, mesmo atuando no nível operacional, Braid estava entre os executivos das empreiteiras que "tinham conhecimento da conduta e participavam de reuniões entre os consórcios concorrentes, desde as fases preliminar e/ou crítica do acordo anticompetitivo", afirma a empreiteira ao órgão antitruste do governo federal.

VEJA O TRECHO EM QUE BRAID É CITADO NO ACORDO DE LENIÊNCIA:

 Foto: Estadão

Além disso, a empreiteira encaminhou às autoridades um e-mail do diretor de contratos da Odebrecht Henrique Pessoa Mendes Neto a vários executivos do consórcio UNA 3 (Odebrecht, Andrade Gutierrez, UTC e Camargo Corrêa) que cita um diálogo na Eletronuclear sobre a fusão dos dois consórcios que disputavam (UNA 3 e Angra 3)a licitação antes mesmo de serem anunciados os vencedores da disputa. "A conversa foi muito boa, esclarecemos que toda a execução (efetiva" se dará através da figura da fusão dos 2!", diz a mensagem que tem Braid como um dos destinatários.

CONFIRA ABAIXO O E-MAIL:

 Foto: Estadão

O conluio na Eletronuclear já é alvo de uma ação penal na Justiça Federal do Paraná que tem como réus o ex-presidente da estatal, almirante Othon Luiz Pinheiro e outros 13 acusados. Ao todo, a Camargo Corrêa apontou ao Cade os nomes de 18 executivos de seis empreiteiras: UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, Techint, Queiroz Galvão e EBE que se uniram em consórcio único, chamado Angramon, e venceram as licitações sob suspeita para tocar obras de montagem eletromecânica da usina de Angra 3.

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O capitão-do-mar-e-guerra da Marinha Adolfo Braid foi da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), empresa de economia mista vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e subordinada à Comissão Nacional de Energia Nuclear. Era próximo do vice-almirante Othon e atualmente está na Odebrecht, exercendo o cargo de engenheiro nuclear.

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Os investigadores acreditam que as apurações a partir do envolvimento de Braid com as obras de Angra 3, suas funções na estatal e posteriormente na Odebrecht - onde está desde 2009 - podem levar a Lava Jato a descobertas num dos principais projeto em vigor da empreiteira no setor de Defesa: a construção de um submarino nuclear, em parceria com os franceses, que envolve investimentos de R$ 20 bilhões.

COM A PALAVRA, AS DEFESAS

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MARINHAA Marinha informou, por meio do contra-almirante Flavio Augusto Viana Rocha, chefe do Centro de Comunicação Social da Marinha, que Braid "não ocupa qualquer função na Marinha do Brasil desde 2003, quando foi licenciado do Serviço Ativo da Marinha". "Esteve lotado no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo "CTMSP) de 1985 a 2003." Segundo nota divulgada, Braid não teve qualquer relação com o projeto governamental dos submarinos.

Rocha informou ainda na nota, que a não será aberto procedimento interno em relação a conduta de Othon Luiz e a Adolfo Braid. "Os dois militares estão fora do Serviço Ativo da Marinha - o primeiro, desde 1994 e o segundo desde 2003".

LEIA A ÍNTEGRA DAS RESPOSTAS DA MARINHA

Em atenção a sua solicitação, participo a Vossa Senhoria os seguintes esclarecimentos: 1) "Qual a função que o contra-almirante Braid ocupa no CTMSP atualmente?" O senhor Adolfo de Aguiar Braid não é Contra-Almirante e sim Capitão-de-Mar-e-Guerra da Reserva Remunerada e não ocupa qualquer função na Marinha do Brasil desde 2003, quando foi licenciado do Serviço Ativo da Marinha. Esteve lotado no CTMSP de 1985 a 2003.

2) "Por quanto tempo ele exerceu a presidência da Comissão de Licitação do CTMSP?" No momento, ainda não temos esses dados, que estão sendo consultados nos registros do CTMSP.

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3) "Qual o grau de participação de Braid no projeto do submarino?" Nenhum.

4) "Abriram ou vão abrir algum procedimento interno em relação a Othon Luiz - preso na Operação Lava Jato por suspeita de corrupção e recebimento de propina - e a Adolfo Braid - citado na Lava Jato?" Não. Os dois militares estão fora do Serviço Ativo da Marinha - o primeiro, desde 1994 e o segundo desde 2003.

Atenciosamente,

Flávio Augusto Viana Rocha Contra-Almirante Diretor

CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT Por meio de nota, a Odebrecht afirmou que nunca participou de cartel para contratação com qualquer cliente público ou privado e diz que não teve acesso ao acordo de leniência. A empresa disse ainda que "se manifestará nos autos do processo tão logo tenha acesso às informações em sua integralidade".

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