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Lava Jato apresenta terceira denúncia contra André Vargas

Nesta acusação, ex-deputado, que se desfiliou do PT após ser pego pela Operação, é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro em contrato da Caixa Econômica Federal

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Foto do author Fausto Macedo
Por Mateus Coutinho , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

André Vargas. Foto: Reprodução

Procuradores da força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) ofereceram nesta quinta-feira, 10 de novembro, mais uma denúncia contra o ex-deputado federal André Vargas Ilário (ex-PT), por suspeita de lavagem de dinheiro recebido em decorrência da contratação da empresa IT7 Sistemas Ltda. pela Caixa Econômica Federal (CEF), em dezembro de 2013. Além do político, também foram denunciados seu irmão Leon Vargas, Marcelo Simões e Meire Poza, contadora que atuava para o doleiro Alberto Youssef. Esta é a terceira denúncia contra Vargas na Lava Jato.

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O ex-deputado, preso preventivamente desde 10 de abril de 2014, já foi condenado a 14 anos e quatro meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro devido a fraudes em contratos de publicidade da Caixa identificadas pela Lava Jato. Agora, o ex-parlamentar é suspeito de innfluenciar também em contratos do setor de informática do banco público.

Segundo a denúncia o ex-deputado teria atuado para conseguir a contratação da IT7 Sistemas pelo banco em dezembro de 2013 e, em consequência, teria recebido R$ 2.399.850,00 em propinas

O contrato, no valor de R$ 71.300.000,00, entre a Caixa e a IT7, que era administrada por Marcelo Simões, mas, segundo a Lava Jato, até então controlada por Leon Vargas, irmão do ex-deputado, teve por objeto a aquisição de licenças de softwares da Oracle, incluindo o serviço de suporte avançado e o serviço de atualização tecnológica e suporte técnico pelo período de 24 meses.

Além das provas levantada ao longo da investigação (notas fiscais, registros de depósitos, trocas de e-mails, ligações telefônicas e depoimentos de colaboradores) uma análise realizada em 2015 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontou uma série de irregularidades no contrato firmado entre a IT7 e a Caixa, não atendendo aos padrões legais previstos, tendo sido celebrado com quantidades/valores além do necessário.

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Para ocultar o dinheiro da propina, aponta a investigação, foram utilizadas as empresas Arbor Consultoria e Assessoria Contábil e AJJP Serviços Administrativos e Educacional Ltda, de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef. Por suas empresas, Meire emitia notas fiscais fictícias para a IT7 Sistemas Ltda pela prestação simulada de serviços de consultoria e assessoria contábil, que resultaram em três depósitos bancários: R$ 964.350,00 em 10 de janeiro de 2014; R$ 287.100,00 em 15 de janeiro de 2014 e R$ 1.148.400,00 em 31 de janeiro de 2014.

A acusação aponta ainda que Meire teria sacado estes valores entre janeiro e fevereiro de 2014 por ordens de André Vargas e de seu irmão. Na época, André Vargas era vice-presidente da Câmara dos Deputados. A própria contadora admitiu ter recebido a orientação para fazer os saques. Além dela, dois delatores confirmaram os episódios.

Um dos colaboradores, o doleiro Alberto Youssef, informou que foi acionado por Leon Vargas para realizar uma operação de lavagem por meio da "troca de nota fiscal por dinheiro em espécie", em favor da empresa IT7 Sistemas Ltda. A ``demanda´´ então, foi repassada para Meire Poza, que acertou com Marcelo Simões, também da IT7, a ``formalização´´ da operação.

Os valores sacados não foram entregues em uma única oportunidade, mas em quatro ou cinco viagens realizadas tanto por Youssef quanto por seus subordinados. Em uma dessas oportunidades foi repassado o valor de R$ 1.620.000,00 para Leon Vargas no apartamento funcional do ex-deputado, em Brasília.

Esta é a terceira denúncia contra o ex-deputado federal. Vargas já foi condenado na ação penal pela prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por recebimento de vantagens indevidas, bem como ocultação e dissimulação destes recursos, na celebração de contratos de publicidade firmados entre a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Na ocasião, a lavagem de dinheiro ocorreu por intermédio de operações simuladas com as empresas de fachada Limiar e LSI, entre 23 de junho de 2010 e 2 de abril de 2014.

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O ex-deputado federal também responde a um processo pela prática de lavagem de dinheiro, por meio da aquisição subfaturada de imóvel de luxo em condomínio na cidade de Londrina, no Norte do Paraná.

Os procuradores da força-tarefa Lava Jato também pedem na denúncia o perdimento do produto do proveito dos crimes, ou de seu equivalente, no montante de R$ 2.399.850,00.

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