Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Justiça sequestra imóvel de R$ 7,5 milhões de Cerveró

Juiz Sérgio Moro recebe nova denúncia contra ex-diretor de Internacional da Petrobrás sob suspeita de ter recebido US$ 30 milhões em propinas

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo

PUBLICIDADE

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Operação Lava Jato, recebeu nesta quarta feira, 25, nova denúncia criminal contra o ex-diretor de Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, por crime de lavagem de dinheiro. Moro também decretou o sequestro de um apartamento no bairro de Ipanema, zona sul do Rio, adquirido por Cerveró supostamente com dinheiro de propinas.

A denúncia foi apresentada pela Procuradoria da República, que imputava a Cerveró um outro crime, o de formação de quadrilha - mas com relação a este delito, o juiz não abriu ação penal contra o ex-diretor. É o segundo processo criminal aberto contra Cerveró.

No primeiro processo, ele é acusado por corrupção passiva. Segundo a Procuradoria, Nestor Cerveró, que está preso desde janeiro, lavou parte de uma propina de US$ 30 milhões que teria recebido na contratação de dois navios sondas, em 2005 e 2006. O procedimento de lavagem do dinheiro ocorreu, segundo a denúncia, por meio da aquisição, em 3 de abril de 2009, do apartamento 601, na Rua Nascimento e Silva, 351, Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 1,5 milhão - o imóvel é avaliado em R$ 7,5 milhões. Segundo a denúncia, o imóvel teria sido adquirido com "produto de crimes de corrupção praticados por Cerveró no exercício do cargo de Diretor Internacional da Petrobrás".

Publicidade

Fachada do prédio onde Cerveró tem apartamento. Foto: Reprodução/Google Street View

Cerveró e Raquetti são denunciados por crime de lavagem de dinheiro pela aquisição, em 3 de abril de 2009, do apartamento, com dinheiro dos supostos crimes de corrupção praticados pelo ex-diretor na Petrobrás.

"Para ocultar a origem e natureza criminosa dos valores envolvidos na aquisição, bem como o real titular dos valores e do imóvel, Nestor Cerveró, com o auxilio de Oscar Algorta Raquetti, teriam constituído, em 12 de abril de 2007, a empresa Jolmey Sociedad Anonima no Uruguai", informa a denúncia aceita.

Em 7 de novembro de 2008 eles abriram ainda uma subsidiária no Brasil, a Jolmey do Brasil Administradora de Bens Ltda. O capital da filial brasileira foi constituído com R$ 2,6 milhões da Jolmey, do Uruguai.

"Destes R$ 1.532.000,00 foram utilizados para aquisição do imóvel e o restante para pagamentos de tributos e honorários advocatícios.

Segundo o MPF, o imóvel estaria atualmente avaliado em R$ 7,5 milhões", registra o juiz federal Sérgio Moro no despacho. "Após a aquisição do imóvel pela Jolmey, Nestor Cerveró, real proprietário, teria simulado a locação do imóvel para justificar a ocupação do bem."

Publicidade

A segunda parte da denúncia atribuía a Cerveró associação criminosa com o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de propinas na estatal petrolífera. Segundo a acusação, Cerveró e Baiano, que também está preso na Custódia da Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato, integravam "grupo criminoso formado por diversas outras pessoas como Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás), Renato Duque (ex-diretor de Serviços) e Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia), dedicado à prática habitual de crimes contra a Petrobrás".

PUBLICIDADE

"Na denúncia, tal imputação é dirigida apenas contra Nestor e Fernando, informando que os demais respondem ou responderão em outros processos", assinala o juiz Sérgio Moro. "No que se refere a segunda parte da denúncia, entende este Juízo que a eventual imputação do crime de quadrilha contra Nestor Cerveró e Fernando Baiano deve ser formulada em autos próprios, já que apesar de sua vinculação aos processos de investigação e persecução penal na assim denominada Operação Lava Jato, não há relação direta desta imputação de quadrilha com o crime de lavagem que é objeto da primeira parte desta denúncia."

O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Foto: André Dusek/Estadão

O juiz pede ao Ministério Público Federal que ofereça uma "denúncia própria" sobre formação de quadrilha. O advogado Edson Ribeiro, que defende Nestor Cerveró, disse que não há provas de que o ex-diretor da Petrobrás tenha lavado dinheiro ou recebido propinas. Ribeiro afirmou que a denúncia do Ministério Público Federal é inepta e que o Supremo Tribunal Federal "vai anular toda a Operação Lava Jato".

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.